[Brasil] Aviões turbo-hélice são seguros?
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[Brasil] Aviões turbo-hélice são seguros?
Aviões turbo-hélice são seguros?
Geração atual de aeronaves com esse tipo de motor possui uma série de equipamentos de voo e segurança que também são usados nos jatos
Os modelos da ATR são os turbo-hélices mais procurados pela aviação regional (Azul)
Não é em todo aeroporto que um avião com motores a jato consegue operar. O maior desafio não é nem o pouso, mas sim a decolagem. O motor a jato proporciona altas velocidades a aeronave em voo de cruzeiro, mas sua força de aceleração inicial ainda não é suficiente para decolar a partir de pistas curtas. Para um avião turbo-hélice é moleza, mas para alguns passageiros pode ser uma dureza…
No Brasil, esse tipo de aeronave voa principalmente para aeroportos de cidades pequenas, que normalmente não têm pistas com o tamanho adequado para jatos ou demanda de passageiros para a operação valer a pena. A principal companhia brasileira com esse tipo de aeronave no país é a Azul, que possui uma frota com mais 40 modelos ATR 72-600.
O ATR usado pela Azul é considerado a aeronave mais avançada dessa categoria no mundo. Mesmo assim, é um avião que desperta o medo em passageiros pelo simples fato dos motores com hélices.
“O ATR possui radar meteorológico, equipamentos de voo com telas digitais, controles automáticos. Todos esses recursos também são usados nos jatos. É um avião extremamente moderno e seguro”, contou o comandante Jacques Cardeal de Godoy Junior, que também é o gerente de operações e qualidade da Azul, em entrevista ao Airway.
Voo diferente
Em relação ao motor a jato, a hélice proporciona maior tração no momento de aceleração inicial, no caso a decolagem. “Comparando com um automóvel, é como acelerar forte esticando a primeira marcha. Em ótimas condições, o ATR decola com metade da pista necessária para um jato”, compara Godoy.
No entanto, a hélice tem o que os pilotos chamam de “restrição de velocidade”. É como um carro muito bom em arrancadas, mas fraco em velocidade final. Jatos como o Embraer E190 e o Airbus A320 podem voar próximos dos 900 km/h, mas precisam de pistas mais longas. O ATR 72 alcança pouco mais de 500 km/h, mas aterra em pistas de 1,5 km.
O ATR 72 pode operar em aeroportos com pouca estrutura, como os de cidades pequenas (Mili99)
O ATR foi desenvolvido a pedido de companhias na Europa por aeronaves para os chamados “voos regionais”, que ligam grandes centros a cidades pequenas. Nesses casos, dependendo da demanda de ocupação e a estrutura aeroportuária disponível, não é preciso um avião de grande porte ou rápido, como um jato comercial. Desta forma, o turbo-hélice é uma necessidade do mercado e também um meio seguro do ponto de vista operacional.
Os aviões com motores turbo-hélice também voam em altitudes inferiores às dos jatos. Em voo de cruzeiro, o ATR 72 alcança cerca de 7.500 metros, enquanto um Boeing 737 ou um Airbus A320, viajam acima dos 10.000 metros. E entre essas altitudes, o comportamento da atmosfera apresenta algumas diferenças.
A regra é simples: quanto mais alto, menos denso é o ar e menor é a chance de ser acometido por uma turbulência. No entanto, voar em grandes altitudes é quase que uma exclusividade das aeronaves impulsionadas por motores a jato. O ATR, no caso, voa em uma faixa onde o ar pode ser mais “agitado”, por isso as viagens nesse tipo de avião costumam balançar mais, quando comparada a performance dos jatos.
“Na atmosfera mais baixa, o ar é um pouco mais agitado. Além disso, diferentemente dos jatos, o avião turbo-hélice demora mais para alcançar a altitude de cruzeiro, por isso fica mais exposto a essas condições”, explica o gerente da Azul.
Apesar da velocidade inferior, os voos comerciais do ATR normalmente são curtos. Nas rotas regionais, os trechos raramente cobrem distâncias maiores que 300 km, por isso nesse tipo de operação é comum o “pinga-pinga” de conexões. Entretanto, totalmente carregada (o ATR 72-600 pode decolar com 23 toneladas), a aeronave tem autonomia de voo para até 1.500 km.
Para os passageiros que reclamam dos turbo-hélices, a impressão que fica é de que viagem boa é aquela em que o avião não balança, embora casos de fortes turbulências sejam cada vez mais raros, mesmo nos ATR. Para quem gosta de avião, é a chance de voar em algo diferente.
“Como todo projeto de aeronave comercial desse tipo, para ser homologado o ATR provou que podia voar com apenas um motor, no caso de uma emergência. Esse tipo de pane, porém, é muito rara de acontecer. De qualquer forma, o avião está preparado. Ao pé da letra, o aparelho pode voar nessa condição até ficar sem combustível. Mas antes disso ele já vai ter pousado em segurança”, conta o comandante Fabio Peres Fernandes, piloto de ATR na Azul há cinco anos.
A MAP voa para cidades no Amazonas, Pará e Rondônia com aeronaves ATR (MAP)
Airbus com hélice
Os aviões da ATR (Avions de Transport Régional), empresa ítalo-francesa criada em 1981 pela Aérospatiale e a Aeritalia, atualmente lideram essa categoria e com larga vantagem. O sucesso foi tanto que despertou o interessa do Grupo Airbus, atualmente “dono” da empresa baseada na França. E isso foi ótimo para as aeronaves, que ficaram ainda mais avançadas.
As aeronaves da ATR são finalizadas e certificadas na fábrica da Airbus em Toulouse, na França, onde também são produzidos, por exemplo, os modelos das séries A320 e A350, além do “gigante” A380. E o critério de construção é o mesmo, não à toa os modelos com motor turbo-hélice estão entre os mais seguros da aviação, inclusive à frente de muitos jatos. A empresa já produziu cerca de 1.500 unidades.
O ATR 72-600 é considerado o avião mais avançado da categoria dos turbo-hélices comerciais (ATR)
Baixo custo
Um ATR 72-600 “zero km” custa cerca de US$ 25 milhões, quase um quarto do valor de um Airbus A320, e tem gastos com manutenção inferiores na mesma proporção. Outra opção são os modelos Q-Series, da Bombardier, praticamente o único concorrente da fabricante europeia.
Não só isso, permanecem na ativa aparelhos consagrados da “velha guarda” dos turbo-hélices, como o Saab 340 e o Embraer EMB-120, em operação no Brasil com a Sete Linhas Aéreas, de Goiânia (GO).
O consagrado Brasília continua em operação com a SETE, de Goiânia (Divulgação)
Além da Azul, outras companhias que voam de ATR no Brasil são a MAP, com base em Manaus (AM), a Passaredo, de Ribeirão Preto (SP), e a carioca Flyways Airlines.
Fonte: Airway
Geração atual de aeronaves com esse tipo de motor possui uma série de equipamentos de voo e segurança que também são usados nos jatos
Os modelos da ATR são os turbo-hélices mais procurados pela aviação regional (Azul)
Não é em todo aeroporto que um avião com motores a jato consegue operar. O maior desafio não é nem o pouso, mas sim a decolagem. O motor a jato proporciona altas velocidades a aeronave em voo de cruzeiro, mas sua força de aceleração inicial ainda não é suficiente para decolar a partir de pistas curtas. Para um avião turbo-hélice é moleza, mas para alguns passageiros pode ser uma dureza…
No Brasil, esse tipo de aeronave voa principalmente para aeroportos de cidades pequenas, que normalmente não têm pistas com o tamanho adequado para jatos ou demanda de passageiros para a operação valer a pena. A principal companhia brasileira com esse tipo de aeronave no país é a Azul, que possui uma frota com mais 40 modelos ATR 72-600.
O ATR usado pela Azul é considerado a aeronave mais avançada dessa categoria no mundo. Mesmo assim, é um avião que desperta o medo em passageiros pelo simples fato dos motores com hélices.
“O ATR possui radar meteorológico, equipamentos de voo com telas digitais, controles automáticos. Todos esses recursos também são usados nos jatos. É um avião extremamente moderno e seguro”, contou o comandante Jacques Cardeal de Godoy Junior, que também é o gerente de operações e qualidade da Azul, em entrevista ao Airway.
Voo diferente
Em relação ao motor a jato, a hélice proporciona maior tração no momento de aceleração inicial, no caso a decolagem. “Comparando com um automóvel, é como acelerar forte esticando a primeira marcha. Em ótimas condições, o ATR decola com metade da pista necessária para um jato”, compara Godoy.
No entanto, a hélice tem o que os pilotos chamam de “restrição de velocidade”. É como um carro muito bom em arrancadas, mas fraco em velocidade final. Jatos como o Embraer E190 e o Airbus A320 podem voar próximos dos 900 km/h, mas precisam de pistas mais longas. O ATR 72 alcança pouco mais de 500 km/h, mas aterra em pistas de 1,5 km.
O ATR 72 pode operar em aeroportos com pouca estrutura, como os de cidades pequenas (Mili99)
O ATR foi desenvolvido a pedido de companhias na Europa por aeronaves para os chamados “voos regionais”, que ligam grandes centros a cidades pequenas. Nesses casos, dependendo da demanda de ocupação e a estrutura aeroportuária disponível, não é preciso um avião de grande porte ou rápido, como um jato comercial. Desta forma, o turbo-hélice é uma necessidade do mercado e também um meio seguro do ponto de vista operacional.
Os aviões com motores turbo-hélice também voam em altitudes inferiores às dos jatos. Em voo de cruzeiro, o ATR 72 alcança cerca de 7.500 metros, enquanto um Boeing 737 ou um Airbus A320, viajam acima dos 10.000 metros. E entre essas altitudes, o comportamento da atmosfera apresenta algumas diferenças.
A regra é simples: quanto mais alto, menos denso é o ar e menor é a chance de ser acometido por uma turbulência. No entanto, voar em grandes altitudes é quase que uma exclusividade das aeronaves impulsionadas por motores a jato. O ATR, no caso, voa em uma faixa onde o ar pode ser mais “agitado”, por isso as viagens nesse tipo de avião costumam balançar mais, quando comparada a performance dos jatos.
“Na atmosfera mais baixa, o ar é um pouco mais agitado. Além disso, diferentemente dos jatos, o avião turbo-hélice demora mais para alcançar a altitude de cruzeiro, por isso fica mais exposto a essas condições”, explica o gerente da Azul.
Apesar da velocidade inferior, os voos comerciais do ATR normalmente são curtos. Nas rotas regionais, os trechos raramente cobrem distâncias maiores que 300 km, por isso nesse tipo de operação é comum o “pinga-pinga” de conexões. Entretanto, totalmente carregada (o ATR 72-600 pode decolar com 23 toneladas), a aeronave tem autonomia de voo para até 1.500 km.
Para os passageiros que reclamam dos turbo-hélices, a impressão que fica é de que viagem boa é aquela em que o avião não balança, embora casos de fortes turbulências sejam cada vez mais raros, mesmo nos ATR. Para quem gosta de avião, é a chance de voar em algo diferente.
“Como todo projeto de aeronave comercial desse tipo, para ser homologado o ATR provou que podia voar com apenas um motor, no caso de uma emergência. Esse tipo de pane, porém, é muito rara de acontecer. De qualquer forma, o avião está preparado. Ao pé da letra, o aparelho pode voar nessa condição até ficar sem combustível. Mas antes disso ele já vai ter pousado em segurança”, conta o comandante Fabio Peres Fernandes, piloto de ATR na Azul há cinco anos.
A MAP voa para cidades no Amazonas, Pará e Rondônia com aeronaves ATR (MAP)
Airbus com hélice
Os aviões da ATR (Avions de Transport Régional), empresa ítalo-francesa criada em 1981 pela Aérospatiale e a Aeritalia, atualmente lideram essa categoria e com larga vantagem. O sucesso foi tanto que despertou o interessa do Grupo Airbus, atualmente “dono” da empresa baseada na França. E isso foi ótimo para as aeronaves, que ficaram ainda mais avançadas.
As aeronaves da ATR são finalizadas e certificadas na fábrica da Airbus em Toulouse, na França, onde também são produzidos, por exemplo, os modelos das séries A320 e A350, além do “gigante” A380. E o critério de construção é o mesmo, não à toa os modelos com motor turbo-hélice estão entre os mais seguros da aviação, inclusive à frente de muitos jatos. A empresa já produziu cerca de 1.500 unidades.
O ATR 72-600 é considerado o avião mais avançado da categoria dos turbo-hélices comerciais (ATR)
Baixo custo
Um ATR 72-600 “zero km” custa cerca de US$ 25 milhões, quase um quarto do valor de um Airbus A320, e tem gastos com manutenção inferiores na mesma proporção. Outra opção são os modelos Q-Series, da Bombardier, praticamente o único concorrente da fabricante europeia.
Não só isso, permanecem na ativa aparelhos consagrados da “velha guarda” dos turbo-hélices, como o Saab 340 e o Embraer EMB-120, em operação no Brasil com a Sete Linhas Aéreas, de Goiânia (GO).
O consagrado Brasília continua em operação com a SETE, de Goiânia (Divulgação)
Além da Azul, outras companhias que voam de ATR no Brasil são a MAP, com base em Manaus (AM), a Passaredo, de Ribeirão Preto (SP), e a carioca Flyways Airlines.
Fonte: Airway
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