[Brasil] Tragédia com Fokker 100 da TAM faz 15 anos
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[Brasil] Tragédia com Fokker 100 da TAM faz 15 anos
Tragédia com Fokker 100 da TAM faz 15 anos
Acidente que matou 99 pessoas em uma rua do Jabaquara fez surgir associação pioneira de vítimas e mudar valor de indenizações
Há exatos 15 anos, um Fokker 100
da companhia aérea TAM caía em uma rua do Jabaquara, na zona sul. Além
de matar 99 pessoas e deixar um rastro de destruição, o acidente com o
voo 402 abriu, da pior maneira possível, série de precedentes que
mudaria totalmente os parâmetros judiciais para indenização de parentes.
Também fez surgir a primeira associação de familiares de vítimas de
acidentes aéreos do País.
"Quando houve o acidente com o
Fokker 100, algumas famílias procuraram até advogados americanos.
Ninguém sabia direito como tratar", conta a advogada Regina Prado
Manssur, que conseguiu judicialmente que as indenizações pelo acidente
entrassem na abrangência do Código de Defesa do Consumidor, criado seis
anos antes do acidente. "Um fato triste que foi um ganho para a Justiça
brasileira."
Foto: Maurilo Clareto/AE–13/11/1996 |
seguro obrigatório que a companhia aérea tinha de pagar para familiares
de vítimas em casos como esse era de R$ 14 mil - nos Estados Unidos, o
valor é de U$ 120 mil; na Europa, de 130 mil. Em 2009, a Associação
Brasileira de Parentes e Amigos de Vítimas de Acidentes Aéreos
(Abrapava) conseguiu na Justiça aumentar o seguro para R$ 41 mil.
Foi uma das primeiras conquistas
da associação criada pela secretária executiva Sandra Assali, que
naquela manhã de 31 de outubro de 1996 começou o dia deixando o marido
no Aeroporto de Congonhas para uma viagem de trabalho. José Abu Assali
foi uma das vítimas do Fokker 100 que decolou com destino ao Rio, mas,
minutos depois da decolagem, caiu na Rua Luís Orsini de Castro.
Em meio ao sofrimento, Sandra
resolveu engajar-se. Montou a Abrapava, primeira associação do gênero no
Brasil, que acabou servindo de referência a outras que surgiriam após a
sucessão de acidentes aéreos no País: Associação dos Familiares das
Vítimas do Voo Gol 1907 (em 2006), Associação dos Familiares e Amigos
das Vítimas do Voo TAM 3054 (em 2007), Associação dos Familiares das
Vítimas do Voo 447 (2009).
Famílias que sofreram as dores
do mesmo acidente que ela, o de 1996, se dispersaram. Mas Sandra acabou
se aproximando de outras que apareceram. Foi para Manaus quando houve o
acidente da Gol, esteve em Congonhas no segundo acidente da TAM e viajou
para a França depois que famílias de lá ligaram pedindo ajuda na
tragédia da Air France.
"É muito sazonal. Às vezes estou
em contato com 300 famílias, às vezes com 50. A verdade é que depois
que a coisa é resolvida muita gente não quer mais ouvir falar do
assunto", conta. Sandra tem "fixas" na associação mais quatro famílias
de vítimas de acidentes diferentes e mantém "correspondentes" em cidades
como Curitiba, Porto Alegre, Brasília e Rio. "Quando tem acidente, por
menor que seja, a gente se coloca à disposição para atender."
Moradora de Moema - com vista
para o Aeroporto de Congonhas da varanda -, ela é mãe de dois filhos, de
19 e 22 anos. "Na época (do acidente com o marido), o mais velho, com 7
anos, sofreu muito. A mais nova só foi entender anos depois." Sandra
chegou a abrir um brechó depois da tragédia, mas parou quando começou a
viajar muito por causa da associação - deu palestra até em Washington.
Cenário da tragédia
A cerca de 2 km de Congonhas, a
Luís Orsini de Castro - onde três moradores morreram - continua sendo
rota dos 34 aviões que seguem a cada hora rumo a Congonhas entre 7h e
23h, todos os dias. E voam "baixo demais", nas palavras de Lourival
Silva Santos, de 54 anos. Se bem que isso não preocupa o dono do bar na
rua. "Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Nem avião,
né?", brinca.
Poucos vizinhos da época do
acidente com o Fokker 100 ainda vivem por ali. Mas, no único mercadinho
da rua, Regina Aparecida Paulino, de 58 anos, mostra uma foto do dia
fatídico. É do pai dela, Madu Paulino, já falecido, na época dono de uma
oficina que funcionava onde hoje é o mercadinho.
A foto mostra Madu olhando para
carros carbonizados pelo fogo que tomou a rua. "Eu não morava aqui, mas
vim ajudar as pessoas, levar para o hospital", conta Regina, enfermeira
aposentada. Seu filho, Renato Paulino, à época com 18 anos, estava na
rua na hora do acidente. "Só lembro de um rastro enorme de combustível
que o avião foi soltando antes de cair. Ficou tudo preto", conta. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Nataly Costa - O Estado de S.Paulo
Via: Aviationnews
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