[Brasil] Especialistas apontam falhas e vantagens de cada terminal

Especialistas apontam falhas e vantagens de cada terminal


O consultor Sílvio Comenho Jr. diz que todos os equipamentos estão
saturados e sem condições de atender às exigências do público do
exterior
ALEX COSTA

Para os profissionais ouvidos pelo jornal, nenhum aeroporto está pronto para receber a demanda do mundial

Nenhum aeroporto brasileiro teria condições adequadas para atender à demanda
se a Copa do Mundo fosse hoje. Essa é a opinião unânime de três
especialistas brasileiros em aviação (um piloto, um consultor
aeronáutico e um gerente de operações) ouvidos pela reportagem. Todos
com vasta experiência internacional e conhecimento técnico e prático da
situação dos terminais do País. A pedido do jornal, eles fizeram uma
análise do setor e apontaram os pontos fortes e, sobretudo, as fraquezas
mais evidentes encontradas em Fortaleza, Salvador, Natal e Recife.
Muitas destas imperceptíveis aos olhos leigos de simples passageiros.

Na avaliação do gerente de Operações de Voo e consultor Aeronáutico,
Silvio Comenho Júnior, "todos estão saturados, operando acima de sua
capacidade e no Nordeste não é diferente", declara. A mesma opinião é
compartilhada pelo consultor em Planejamento Aeroportuário, Erico
Santana, e do piloto, José Ricardo Santos.

Para Erico Santana, as intervenções no terminal de passageiros em Fortaleza precisam ter
início urgentemente. "É extremamente necessário que a expansão para que
não haja surpresas em 2013 e 2014 devido à média de crescimento do
setor".

Tamanho insuficiente

Silvio concorda e adianta que o cerne do problema é o tamanho. "Não há mais
onde criar lugar para fazer o check-in, somente aquele minúsculo espaço
onde as companhias tem que operar em sistema de rodízio. Várias empresas
utilizando o mesmo guichê em horários diferentes, e isso impede o
aumento de voos e de companhias aéreas operando no mesmo horário",
assinala, reforçando que outro problema é a existência de um só pista.

Na mesma linha, o piloto José Ricardo condena a estrutura do pátio. "Não é
a ideal. Sabemos que durante os jogos teremos uma variedade enorme de
aviões e muitos ficarão estacionados por dias, portanto há de serem
feitas obras o quanto antes. Lembremos que não só a quantidade de aviões
das linhas comerciais disputarão espaço com aviões executivos, voos
extras e fretamentos", afirma.

Como ponto positivo, ele destaca que o sistema de tráfego aéreo é satisfatório e que os controladores têm
bom nível da língua inglesa.

Salvador e Natal

Na avaliação de Ricardo, na Bahia, os controladores de voo também sabem
falar fluentemente o inglês. Contudo, a principal queixa fica por conta
da pista. "Os pontos negativos são praticamente os mesmos das outras
capitais, com o agravante de que a pista de pouso e decolagem é a pior
das quatro sedes".

Para Erico, em Salvador, é preciso dar mais agilidade na operação das aeronaves. "No lado aéreo, torna-se necessário
uma decisão quanto à existência de uma nova pista de pousos e
decolagens e uma ampliação do pátio de estacionamento de aeronaves",
diz. Ele ressalta também a importância de uma noa torre de comando.

Em Natal, os problemas das outras se repetem aos das demais capitais
nordestinas, segundo os analistas. Silvio destaca a existência de três
pistas e até a boa qualidade de pavimentação, contudo, ele ressalta que
as três não podem ser utilizadas ao mesmo tempo. "Não podem ser operadas
simultaneamente, pois não possuem a separação mínima entre elas, de
acordo com a regras aeronáuticas", aponta.

Para o piloto Ricardo, a aeronavegabilidade é bem próxima das demais cidades nordestinas, mas o
problema fica por conta do baixo nível de capacitação dos
controladores, que, segundo ele, não falam inglês no mesmo nível dos
profissionais das outras capitais.

Gilberto Freyre

Na avaliação geral dos especialistas, o aeroporto de Recife reúne as
melhores condições na comparação. Mesmo assim, há o que melhorar,
sobretudo, na estrutura de aeronavegabilidade. "O Gilberto Freyre,
dentre os quatro aeroportos de maior movimento no Nordeste, é o que
apresenta menos problemas. Porém, assim como Salvador, precisa de
melhorias quanto ao lado aéreo. Uma nova torre de controle de tráfego
capaz de prover mais e melhores serviços de navegação aérea de maneira
segura", afirma Erico.

Para Ricardo, "o aeroporto em si tem estrutura já bem moderna e oferece razoável conforto para o usuário".

Fonte: diariodonordeste.globo.com