[Brasil] A ousadia da Embraer na China
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[Brasil] A ousadia da Embraer na China
A ousadia da Embraer na China
Folha.com
A fábrica da Embraer na China fica na gelada Harbin, 1.250 km acima de Pequim, ali perto da fronteira com a Rússia. De clima siberiano (não é figura de linguagem), os termômetros chegam facilmente a -30o C. É provavelmente o empreendimento brasileiro mais longe do Brasil. Talvez não haja melhor exemplo para entender as dificuldades e as compensações de uma empresa brasileira que aposta na economia mais dinâmica do mundo.
Fundada há oito anos, a fábrica, uma joint venture com a estatal Avic, é fruto da pressão do governo chinês, no início da década de 2000, para que a Embraer passasse a montar no país os aviões ERJ 145 (50 lugares), que começavam a entrar na China. Para os brasileiros, era a oportunidade para fincar o pé num mercado promissor. Para os chineses, era a chance de ter acesso a uma tecnologia que não dominavam.
A fábrica não teve, até agora, uma performance invejável. Com condições para produzir uma aeronave por mês, entregou 40 desde janeiro de 2003. Ou seja, menos da metade de sua capacidade.
Sem demanda para o ERJ 145 e proibida de fabricar o E 190 (cerca de cem lugares), seu maior sucesso comercial na China, a Embraer cogitou encerrar a produção no país.
A aparente solução veio em abril, com o anúncio de um acordo com a Avic, avalizado pelo governo chinês, para fabricar os jatos executivos Legacy 600/650. Agora, a Embraer corre para conseguir as autorizações necessárias _um processo quase sempre desgastante e demorado_ e em breve começa a fazer ajustes na fábrica. A transição pode levar até 24 meses, segundo a empresa, que optou por não dispensar os seus 90 operários _todos estão em licença remunerada.
Mesmo com resultados da fábrica aquém do esperado e a incógnita do Legacy, a China é cada vez mais importante para a Embraer. Com 150 aviões vendidos (15 como opção de compra) e outros 89 entregues, mais da metades fabricados no Brasil, é o seu segundo maior mercado, atrás apenas dos EUA. Trata-se de um dos poucos produtos manufaturados da pauta de exportação brasileira para a China, quase toda formada por commodities.
Com espaço consolidado na aviação regional chinesa, o novo passo da Embraer é uma grande aposta no incipiente, mas potencialmente enorme mercado chinês de jatos privados, hoje responsável por menos de 1% da demanda mundial.
São apenas umas 120 aeronaves registradas no país (incluindo Hong Kong e Macau). No Brasil, com um sétimo da população e uma economia menos dinâmica, são cerca de 700. Nos EUA, a frota é de 15 mil.
A Embraer, claro, não é a única de olho na China nesse disputadíssimo mercado mundial de jatos privados. A francesa Dassault Aviation acaba de transferir seu escritório asiático para Pequim e vendeu metade dos seus novos pedidos deste ano para a China. A Airbus e a Boeing já fazem cabines ao gosto chinês, incluindo uma mesa redonda giratória para refeições. Mas, com a exceção da empresa brasileira, nenhuma está abrindo uma fábrica no país.
Quases inexistentes há dez anos, as vendas já vêm crescendo: 28 novos aviões foram matriculados entre novembro de 2009 e fevereiro deste ano, segundo a consultoria Firestone. A líder do mercado é a americana Gulfstream, com 58 unidades vendidas. Depois, vêm Cessna e Bombardier. A Embraer vendeu apenas três jatos executivos no país até hoje.
Todas as empresas declaram ter esperança nos sinais recentes de que o governo chinês aumentará a rede de aeroportos e afrouxará a rígida legislação para aviação privada, como a flexibilização para voar a baixas atitudes, dois dos principais gargalos do mercado.
Há novidades também no lado de serviços para jatos privados. A empresa ExecuJet Aviation Group, uma das maiores do mundo em prestação de serviços do setor, anunciou que começará a operar no aeroporto de Tianjin, perto de Pequim.
Os próximos anos dirão se a estratégia da Embraer dará certo ou não. Mas a empresa adota o princípio compartilhado por todas as maiores multinacionais do mundo, o qual parte do empresariado brasileira ainda resiste em aceitar: estar presente na China é uma obrigação, não importa o setor.
Fonte: Pelo Mundo - Folha.com
Via: Hangar 20
Folha.com
A fábrica da Embraer na China fica na gelada Harbin, 1.250 km acima de Pequim, ali perto da fronteira com a Rússia. De clima siberiano (não é figura de linguagem), os termômetros chegam facilmente a -30o C. É provavelmente o empreendimento brasileiro mais longe do Brasil. Talvez não haja melhor exemplo para entender as dificuldades e as compensações de uma empresa brasileira que aposta na economia mais dinâmica do mundo.
Fundada há oito anos, a fábrica, uma joint venture com a estatal Avic, é fruto da pressão do governo chinês, no início da década de 2000, para que a Embraer passasse a montar no país os aviões ERJ 145 (50 lugares), que começavam a entrar na China. Para os brasileiros, era a oportunidade para fincar o pé num mercado promissor. Para os chineses, era a chance de ter acesso a uma tecnologia que não dominavam.
A fábrica não teve, até agora, uma performance invejável. Com condições para produzir uma aeronave por mês, entregou 40 desde janeiro de 2003. Ou seja, menos da metade de sua capacidade.
Sem demanda para o ERJ 145 e proibida de fabricar o E 190 (cerca de cem lugares), seu maior sucesso comercial na China, a Embraer cogitou encerrar a produção no país.
A aparente solução veio em abril, com o anúncio de um acordo com a Avic, avalizado pelo governo chinês, para fabricar os jatos executivos Legacy 600/650. Agora, a Embraer corre para conseguir as autorizações necessárias _um processo quase sempre desgastante e demorado_ e em breve começa a fazer ajustes na fábrica. A transição pode levar até 24 meses, segundo a empresa, que optou por não dispensar os seus 90 operários _todos estão em licença remunerada.
Mesmo com resultados da fábrica aquém do esperado e a incógnita do Legacy, a China é cada vez mais importante para a Embraer. Com 150 aviões vendidos (15 como opção de compra) e outros 89 entregues, mais da metades fabricados no Brasil, é o seu segundo maior mercado, atrás apenas dos EUA. Trata-se de um dos poucos produtos manufaturados da pauta de exportação brasileira para a China, quase toda formada por commodities.
Com espaço consolidado na aviação regional chinesa, o novo passo da Embraer é uma grande aposta no incipiente, mas potencialmente enorme mercado chinês de jatos privados, hoje responsável por menos de 1% da demanda mundial.
São apenas umas 120 aeronaves registradas no país (incluindo Hong Kong e Macau). No Brasil, com um sétimo da população e uma economia menos dinâmica, são cerca de 700. Nos EUA, a frota é de 15 mil.
A Embraer, claro, não é a única de olho na China nesse disputadíssimo mercado mundial de jatos privados. A francesa Dassault Aviation acaba de transferir seu escritório asiático para Pequim e vendeu metade dos seus novos pedidos deste ano para a China. A Airbus e a Boeing já fazem cabines ao gosto chinês, incluindo uma mesa redonda giratória para refeições. Mas, com a exceção da empresa brasileira, nenhuma está abrindo uma fábrica no país.
Quases inexistentes há dez anos, as vendas já vêm crescendo: 28 novos aviões foram matriculados entre novembro de 2009 e fevereiro deste ano, segundo a consultoria Firestone. A líder do mercado é a americana Gulfstream, com 58 unidades vendidas. Depois, vêm Cessna e Bombardier. A Embraer vendeu apenas três jatos executivos no país até hoje.
Todas as empresas declaram ter esperança nos sinais recentes de que o governo chinês aumentará a rede de aeroportos e afrouxará a rígida legislação para aviação privada, como a flexibilização para voar a baixas atitudes, dois dos principais gargalos do mercado.
Há novidades também no lado de serviços para jatos privados. A empresa ExecuJet Aviation Group, uma das maiores do mundo em prestação de serviços do setor, anunciou que começará a operar no aeroporto de Tianjin, perto de Pequim.
Os próximos anos dirão se a estratégia da Embraer dará certo ou não. Mas a empresa adota o princípio compartilhado por todas as maiores multinacionais do mundo, o qual parte do empresariado brasileira ainda resiste em aceitar: estar presente na China é uma obrigação, não importa o setor.
Fonte: Pelo Mundo - Folha.com
Via: Hangar 20
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