[Brasil] KC-390: a diferença está no detalhe
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[Brasil] KC-390: a diferença está no detalhe
KC-390: a diferença está no detalhe
DefesaNet teve a oportunidade de avaliar a aeronave de transporte multimissão EMBRAER KC-390 na Base Aérea dos Afonsos.
A ênfase nos detalhes é a melhor característica da aeronave de transporte multimissão EMBRAER KC-390 Foto - Lucas Lacaz Ruiz
Pedro Paulo Rezende
Fotos Lucas Lacaz Ruiz
Especial para o DefesaNet
A ênfase nos detalhes é a melhor característica da aeronave de transporte multimissão EMBRAER KC-390. O projeto inclui uma série de itens que tornarão a vida do usuário mais fácil, permitindo maior precisão nos lançamentos de carga e pessoal e facilitando as operações de embarque. Outro ponto visível é a extrema robustez da célula.
Durante a LAAD 2017, integrantes da imprensa tiveram acesso ao mais ambicioso projeto da indústria aeronáutica nacional. Estacionado no Campo dos Afonsos, marco histórico da aviação de combate brasileira, o KC-390 estava próximo a um Lockheed C-130H que integra o acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL). O contraste era evidente. O avião norte-americano, conhecido pela robustez, parecia mirrado e frágil diante do produto brasileiro.
Concebido a partir de requisitos da Força Aérea Brasileira, o KC-390 veio para preencher um nicho vazio no mercado. Ele se insere entre o Airbus Group A-400M e o Antonov An-178 e supera em todos os aspectos o C-130J, a mais nova versão do veterano da LockheedMartin o Hercules C-130 (com mais de 50 anos desde o seu primeiro voo). Potencialmente, disputa um mercado com mais de 1 mil unidades de aviões em processo de obsolescência, como o Antonov An-12, Hercules e outras aeronaves.
Ele carrega 26 toneladas (no centro de gravidade), contra 37 toneladas do avião europeu e 18 toneladas da proposta ucraniana e 20 toneladas no Hércules C-130J. Durante sua concepção, buscou-se imprimir o máximo de simplicidade com o uso de soluções já testadas. Esta foi a principal razão para a escolha do motor International Aero Engines (IAE) V-2500, empregado em vários modelos da aviação civil, entre eles o Airbus A320, em lugar de um complexo motor propfan, como o TP-400 usado no A-400, que necessita de 20 computadores para gerenciar todos os seus parâmetros de uso.
O volume interno também impressiona, facilitando o embarque de cargas pesadas, como os lança-foguetes ASTROS 2020, da AVIBRAS. No Hercules C-130 H, da FAB a viatura lançadora de foguetes precisa ser desmontada. O KC-390 permite que a viatura seja transportada completa pronta para emprego operacional. A importância desta capacidade transcende ao mero transporte tornando o ASTROS 2020 um vetor estratégico.
Também transporta viaturas blindadas de oito rodas (o avião foi projetado para receber um blindado tipo o alemão Boxer 8x8, de 26 toneladas).
Para minimizar a ingestão de objetos (FOD), os motores estão localizados a mais de dois metros de altura e adiante do trem de pouso. A concorrência alega que a escolha de um turbofan foi arriscada, mas outros aviões, como o Antonov An-74, já empregaram configuração semelhante com sucesso em ambientes agressivos, como pistas não preparadas e sobre neve.
Aliás, o avião já cumpriu quase todas as fases do processo de homologação com sucesso, excetuando missões na Amazônia e na neve (o KC-390 será empregado em apoio à Base Comandante Ferraz na Antártida) e o reabastecimento de helicópteros.
Já foram realizados contatos secos (sem transferência de combustível) com caças F-5EM.
O emprego do Boeing C-17 Globemaster III americano pousando em pistas semipreparadas, nas campanhas do Iraque e Afeganistão, validou o emprego do turbofan no KC-390.
Gestão de carga facilitada
O cuidado aos detalhes começa nos métodos de carregamento. O sistema de piso usa módulos reversíveis. De um lado é plano e serve para receber veículos e homens.
Do outro, há roletes que facilitam o recebimento de paletes. O sistema funciona por encaixe e pode ser modificado em questão de segundos pelo operador. Mal comparando, é como uma peça de lego gigante.
No piso, há dois tipos de presilha. Os externos servem para a fixação de cargas leves. Os internos, mais fortes, para segurar veículos. Isto facilita o gerenciamento no momento de lançamento e descargas a baixa altitude. O mestre de carga está localizado no cockpit, logo atrás da posição do copiloto.
Ele dispõe de um computador de bordo equipado com um sistema que facilita a disposição do lançamento. O software analisa a velocidade e a altitude do aparelho, o peso da carga e a posição geográfica (por meio de GPS) e fornece a solução mais adequada para um lançamento preciso. O mesmo sistema também serve para gerenciar o reabastecimento em voo de aviões de combate e helicópteros, facilitando o trabalho da tripulação.
O Cockpit de Alta Tecnologia
A EMBRAER Defesa & Segurança fez uma aposta de alto risco em adotar sistemas aviônicos avançados e controles de voo de última geração.
Ao contrário dos outros aviões da categoria, o KC-390 emprega sidesticks similares aos usados em aviões da Airbus e nos caças F-16. Que acionam sistemas de atuadores elétricos. A aviônica é praticamente igual à utilizada no Boeing 787 Dreamliner. Esta característica facilita a adaptação de tripulações de países como os Estados Unidos e a Suécia, onde é comum o serviço temporário de pilotos civis que integram a reserva da força aérea ou a Guarda Nacional.
Junto à porta de acesso lateral há mais um item que prova o cuidado dos projetistas da EMBRAER no desenvolvimento do KC-390: defletores são acionados automaticamente quando ela é aberta, diminuindo o fluxo de ar dirigido contra o paraquedista, facilitando sua saída durante o salto. Foram realizados testes de lançamento de carga e de paraquedistas, na Base Aérea de Campo Grande.
Porta lateral para salto de paraquedistas. Observar a rampa e os defletores à esquerda. Foto - Pedro Paulo Rezende / DefesaNet
Nas laterais da rampa, também há paredes que diminuem a turbulência nos lançamentos de carga. Por último, um conforto adicional exclusivo do avião brasileiro: um lavatório igual ao empregado na aviação comercial. Localizado logo atrás do cockpit, fornece privacidade aos tripulantes e paraquedistas em missão (no Hercules C-130 é aberto e não faz parte dos equipamentos padronizados de fábrica).
Sanitário do KC-390. É similar aos de aeronaves comerciais. Foto - Pedro Paulo Rezende / DefesaNet
A primeira aeronave KC-390 para a Força Aérea Brasileia já está em produção nas instalações da EMBRAER Defesa & Segurança, em Gavião Peixoto (SP). Deverá ser entregue à FAB no segundo semestre de 2018.
Fonte: DefesaNet
DefesaNet teve a oportunidade de avaliar a aeronave de transporte multimissão EMBRAER KC-390 na Base Aérea dos Afonsos.
A ênfase nos detalhes é a melhor característica da aeronave de transporte multimissão EMBRAER KC-390 Foto - Lucas Lacaz Ruiz
Pedro Paulo Rezende
Fotos Lucas Lacaz Ruiz
Especial para o DefesaNet
A ênfase nos detalhes é a melhor característica da aeronave de transporte multimissão EMBRAER KC-390. O projeto inclui uma série de itens que tornarão a vida do usuário mais fácil, permitindo maior precisão nos lançamentos de carga e pessoal e facilitando as operações de embarque. Outro ponto visível é a extrema robustez da célula.
Durante a LAAD 2017, integrantes da imprensa tiveram acesso ao mais ambicioso projeto da indústria aeronáutica nacional. Estacionado no Campo dos Afonsos, marco histórico da aviação de combate brasileira, o KC-390 estava próximo a um Lockheed C-130H que integra o acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL). O contraste era evidente. O avião norte-americano, conhecido pela robustez, parecia mirrado e frágil diante do produto brasileiro.
Concebido a partir de requisitos da Força Aérea Brasileira, o KC-390 veio para preencher um nicho vazio no mercado. Ele se insere entre o Airbus Group A-400M e o Antonov An-178 e supera em todos os aspectos o C-130J, a mais nova versão do veterano da LockheedMartin o Hercules C-130 (com mais de 50 anos desde o seu primeiro voo). Potencialmente, disputa um mercado com mais de 1 mil unidades de aviões em processo de obsolescência, como o Antonov An-12, Hercules e outras aeronaves.
Ele carrega 26 toneladas (no centro de gravidade), contra 37 toneladas do avião europeu e 18 toneladas da proposta ucraniana e 20 toneladas no Hércules C-130J. Durante sua concepção, buscou-se imprimir o máximo de simplicidade com o uso de soluções já testadas. Esta foi a principal razão para a escolha do motor International Aero Engines (IAE) V-2500, empregado em vários modelos da aviação civil, entre eles o Airbus A320, em lugar de um complexo motor propfan, como o TP-400 usado no A-400, que necessita de 20 computadores para gerenciar todos os seus parâmetros de uso.
O volume interno também impressiona, facilitando o embarque de cargas pesadas, como os lança-foguetes ASTROS 2020, da AVIBRAS. No Hercules C-130 H, da FAB a viatura lançadora de foguetes precisa ser desmontada. O KC-390 permite que a viatura seja transportada completa pronta para emprego operacional. A importância desta capacidade transcende ao mero transporte tornando o ASTROS 2020 um vetor estratégico.
Também transporta viaturas blindadas de oito rodas (o avião foi projetado para receber um blindado tipo o alemão Boxer 8x8, de 26 toneladas).
Para minimizar a ingestão de objetos (FOD), os motores estão localizados a mais de dois metros de altura e adiante do trem de pouso. A concorrência alega que a escolha de um turbofan foi arriscada, mas outros aviões, como o Antonov An-74, já empregaram configuração semelhante com sucesso em ambientes agressivos, como pistas não preparadas e sobre neve.
Aliás, o avião já cumpriu quase todas as fases do processo de homologação com sucesso, excetuando missões na Amazônia e na neve (o KC-390 será empregado em apoio à Base Comandante Ferraz na Antártida) e o reabastecimento de helicópteros.
Já foram realizados contatos secos (sem transferência de combustível) com caças F-5EM.
O emprego do Boeing C-17 Globemaster III americano pousando em pistas semipreparadas, nas campanhas do Iraque e Afeganistão, validou o emprego do turbofan no KC-390.
Gestão de carga facilitada
O cuidado aos detalhes começa nos métodos de carregamento. O sistema de piso usa módulos reversíveis. De um lado é plano e serve para receber veículos e homens.
Do outro, há roletes que facilitam o recebimento de paletes. O sistema funciona por encaixe e pode ser modificado em questão de segundos pelo operador. Mal comparando, é como uma peça de lego gigante.
No piso, há dois tipos de presilha. Os externos servem para a fixação de cargas leves. Os internos, mais fortes, para segurar veículos. Isto facilita o gerenciamento no momento de lançamento e descargas a baixa altitude. O mestre de carga está localizado no cockpit, logo atrás da posição do copiloto.
Ele dispõe de um computador de bordo equipado com um sistema que facilita a disposição do lançamento. O software analisa a velocidade e a altitude do aparelho, o peso da carga e a posição geográfica (por meio de GPS) e fornece a solução mais adequada para um lançamento preciso. O mesmo sistema também serve para gerenciar o reabastecimento em voo de aviões de combate e helicópteros, facilitando o trabalho da tripulação.
O Cockpit de Alta Tecnologia
A EMBRAER Defesa & Segurança fez uma aposta de alto risco em adotar sistemas aviônicos avançados e controles de voo de última geração.
Ao contrário dos outros aviões da categoria, o KC-390 emprega sidesticks similares aos usados em aviões da Airbus e nos caças F-16. Que acionam sistemas de atuadores elétricos. A aviônica é praticamente igual à utilizada no Boeing 787 Dreamliner. Esta característica facilita a adaptação de tripulações de países como os Estados Unidos e a Suécia, onde é comum o serviço temporário de pilotos civis que integram a reserva da força aérea ou a Guarda Nacional.
Junto à porta de acesso lateral há mais um item que prova o cuidado dos projetistas da EMBRAER no desenvolvimento do KC-390: defletores são acionados automaticamente quando ela é aberta, diminuindo o fluxo de ar dirigido contra o paraquedista, facilitando sua saída durante o salto. Foram realizados testes de lançamento de carga e de paraquedistas, na Base Aérea de Campo Grande.
Porta lateral para salto de paraquedistas. Observar a rampa e os defletores à esquerda. Foto - Pedro Paulo Rezende / DefesaNet
Nas laterais da rampa, também há paredes que diminuem a turbulência nos lançamentos de carga. Por último, um conforto adicional exclusivo do avião brasileiro: um lavatório igual ao empregado na aviação comercial. Localizado logo atrás do cockpit, fornece privacidade aos tripulantes e paraquedistas em missão (no Hercules C-130 é aberto e não faz parte dos equipamentos padronizados de fábrica).
Sanitário do KC-390. É similar aos de aeronaves comerciais. Foto - Pedro Paulo Rezende / DefesaNet
A primeira aeronave KC-390 para a Força Aérea Brasileia já está em produção nas instalações da EMBRAER Defesa & Segurança, em Gavião Peixoto (SP). Deverá ser entregue à FAB no segundo semestre de 2018.
Fonte: DefesaNet
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