[Internacional] Vulcanair disputa mercado abandonado pela Embraer
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[Internacional] Vulcanair disputa mercado abandonado pela Embraer
Vulcanair disputa mercado abandonado pela Embraer
Fabricante italiana investe no Brasil para atrair clientes nos setores da aviação geral e militar
As aeronaves da linha P-68 são o principal produto da empresa italiana (Vulcanair)
Antes de se tornar a terceira maior fabricante de aviões do mundo, a Embraer trilhou um longo caminho com aeronaves de pequeno porte. A empreitada começou com o EMB-110 Bandeirante, que estreou em 1973, e ganhou volume com uma série de modelos da Piper Aircraft construídos sob licença, como o EMB-820 Navajo e o EMB-710 Carioca. Porém, com o desenvolvimento dos jatos ERJ e E-Jets, a empresa partiu para voos de alta performance e abriu mão de uma grande lacuna no mercado brasileiro de aviação geral.
O espaço deixado pela Embraer foi ocupado nos últimos 20 anos pelo trio norte-americano Cessna, Beechcraft e Piper, que têm forte presença no País há mais de 50 anos. Mas a uma nova candidata fora do círculo americano está disposta a preencher os céus do Brasil com uma curiosa linha de aeronaves. É a Vulcanair, fabricante italiana que há cinco anos vem estudando o mercado brasileiro e seus segredos.
“É um mercado complicado. Enfrentamos muita burocracia e a aceitação de nossos produtos depende de uma mudança cultural no mercado brasileiro de aviação geral”, contou o português João Moutinho, diretor da Vulcanair no Brasil, ao Airway.
Complicado, mas também enorme. Segundo números da ABAG (Associação Brasileira de Aviação Geral), em 2014 a frota nacional passou de 15 mil aeronaves. A categoria engloba aparelhos certificados por órgãos aeronáuticos (como a ANAC), mas que não são utilizadas em linhas aéreas ou por militares. Alguns exemplos são aviões monomotores, jatos e turbo-hélices executivos, helicópteros, balões ou até mesmo um jato comercial convertido para uso privado (ou executivo).
“Mais de 60% dessas aeronaves têm mais de 25 anos de uso e em breve devem parar de voar”, prevê o diretor da Vulcanair. “Mas isso não significa que o mercado vai comprar novos aviões, ao menos não de imediato. Está muito difícil para todas as fabricantes. Em 2015, as vendas foram muito abaixo do esperado”, complementa. De acordo com o último balanço da ABAG, em 2014 foram incorporadas à frota nacional 472 aeronaves, das quais apenas 197 eram de fato novas.
O Observer tem o nariz transparente e trem de pouso fixo; a autonomia é de 11 horas de voo (Vulcanair)
Observer
O “avião-chefe” da empresa no Brasil é a linha P-68, que pode atender tanto o mercado civil como militar. “A Marinha do Chile acabou de comprar sete P-68 Observer, que serão usados em missões de vigilância. Aqui no Brasil, as forças armadas ainda não têm uma aeronave com essas características. Elas são essenciais para o controle de fronteiras”, avalia Moutinho.
O Observer é a versão mais avançada da linha bimotor P-68. Para ajudar na observação do terreno, a parte frontal da aeronave é toda transparente. “É como a cabine de um helicóptero”, conta o diretor da Vulcanair. Além disso, o aparelho ainda possui escotilhas na parte inferior da fuselagem que podem ser abertas durante o voo para o uso de câmeras e sensores. E o desempenho chama atenção: o avião tem autonomia para até 11 horas de voo.
A família P-68 ainda tem os modelos P-68C, um avião multi-missão com trem de pouso fixo (carga, transporte de pessoal, treinamento, e etc) e o P-68R, mais indicado para o mercado executivo e com trem de pouso retrátil. A fabricante ainda oferece opção de motores a pistão ou turbo-hélices. “Uma empresa do Tocantins comprou um Observer com recursos para mapeamento de terreno”, contou Moutinho.
Os aviões da fabricante italiana são do tipo que topam qualquer parada. “A configuração de asa alta e a construção robusta permite que nossos aviões operem em pistas pequenas ou semi-preparadas. Além disso, eles também consomem pouco combustível e tem baixo custo operacional”, garante o diretor da Vulcanair.
Outros produtos
Além dos três aparelhos da linha P-68, a Vulcanair também oferece no Brasil o modelo A-Viator, um bimotor turbo-hélice utilitário com capacidade para até 11 ocupantes. A aeronave também pode ser aplicada como cargueiro, ambulância aérea, entre outros serviços.
A outra opção é o monomotor V1.O, indicado para uso privado ou escolas de formação. O menor avião da Vulcanair pode transportar quatro pessoas e tem autonomia para quatro horas de voo. Na Europa, o modelo italiano é um dos preferidos por escolas de aviação.
O A-Viator é um avião do tipo “multi-missão” (Vulcanair)
Perspectivas
Apesar de já oferecer seus aviões no Brasil há cerca de cinco anos, a Vulcanair começou a se movimentar de forma mais intensa somente neste ano. “O primeiro passo é criar uma estrutura de apoio para os clientes, no caso as oficinas de manutenção”, explicou Moutinho.
“O mercado brasileiro é complicado”. O diretor português está no Brasil há cinco anos estudando o mercado (Rodrigo Cozzato)
Tradicionalmente, serviços de manutenção de aeronaves são realizadas por empresas terceirizadas. Raramente uma fabricante possui uma oficina própria no país onde atua. A empresa italiana já certificou oficinas em Sorocaba (SP), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO) e Fortaleza (CE). “São locais com mercados potenciais para nossos aviões ou onde já temos clientes”, conta o diretor.
Como explicou o diretor, os aviões da Vulcanair podem ser aplicados em diversas funções e por diferentes clientes. Alguns dos alvos da empresa são fazendeiros, empresas de táxi-aéreo, forças armadas, escolas de aviação e até para quem quiser ter o próprio avião no “hangar” de casa. “É um opção até para companhias aéreas que realizam voos regionais”, revelou Moutinho, citando como exemplo as empresas nacionais Sete Linhas Aéreas e Asta.
Preços de aviões, sempre em dólar, costumam assustar consumidores comuns, mas os praticados pela Vulcanair são considerados baixos para os padrões aeronáuticos. O modelo mais barato da empresa, o monomotor V1.0, é avaliado em cerca de US$ 260 mil, enquanto os aparelhos da linha P-68 começam em US$ 1 milhão. “Nossa vantagem é o custo benefício”, garante o diretor.
O monomotor V1.0 é avaliado em cerca de US$ 260 mil (Vulcanair)
A empresa italiana, entretanto, vendeu apenas quatro aviões no Brasil desde que chegou oficialmente. “O mercado brasileiro ainda não conhece as aeronaves da Vulcanair, mas isso vai começar a mudar”, contou o diretor da empresa, que confirmou a presença da empresa na Labace 2016, a maior feira de aviação do Brasil, em São Paulo (SP).
“É como uma nova marca de carro que acabou de chegar ao mercado. A desconfiança é natural no início, especialmente aqui no Brasil, com o público conservador nessa área”, finalizou o diretor da Vulcanair.
Fonte: Airway
Fabricante italiana investe no Brasil para atrair clientes nos setores da aviação geral e militar
As aeronaves da linha P-68 são o principal produto da empresa italiana (Vulcanair)
Antes de se tornar a terceira maior fabricante de aviões do mundo, a Embraer trilhou um longo caminho com aeronaves de pequeno porte. A empreitada começou com o EMB-110 Bandeirante, que estreou em 1973, e ganhou volume com uma série de modelos da Piper Aircraft construídos sob licença, como o EMB-820 Navajo e o EMB-710 Carioca. Porém, com o desenvolvimento dos jatos ERJ e E-Jets, a empresa partiu para voos de alta performance e abriu mão de uma grande lacuna no mercado brasileiro de aviação geral.
O espaço deixado pela Embraer foi ocupado nos últimos 20 anos pelo trio norte-americano Cessna, Beechcraft e Piper, que têm forte presença no País há mais de 50 anos. Mas a uma nova candidata fora do círculo americano está disposta a preencher os céus do Brasil com uma curiosa linha de aeronaves. É a Vulcanair, fabricante italiana que há cinco anos vem estudando o mercado brasileiro e seus segredos.
“É um mercado complicado. Enfrentamos muita burocracia e a aceitação de nossos produtos depende de uma mudança cultural no mercado brasileiro de aviação geral”, contou o português João Moutinho, diretor da Vulcanair no Brasil, ao Airway.
Complicado, mas também enorme. Segundo números da ABAG (Associação Brasileira de Aviação Geral), em 2014 a frota nacional passou de 15 mil aeronaves. A categoria engloba aparelhos certificados por órgãos aeronáuticos (como a ANAC), mas que não são utilizadas em linhas aéreas ou por militares. Alguns exemplos são aviões monomotores, jatos e turbo-hélices executivos, helicópteros, balões ou até mesmo um jato comercial convertido para uso privado (ou executivo).
“Mais de 60% dessas aeronaves têm mais de 25 anos de uso e em breve devem parar de voar”, prevê o diretor da Vulcanair. “Mas isso não significa que o mercado vai comprar novos aviões, ao menos não de imediato. Está muito difícil para todas as fabricantes. Em 2015, as vendas foram muito abaixo do esperado”, complementa. De acordo com o último balanço da ABAG, em 2014 foram incorporadas à frota nacional 472 aeronaves, das quais apenas 197 eram de fato novas.
O Observer tem o nariz transparente e trem de pouso fixo; a autonomia é de 11 horas de voo (Vulcanair)
Observer
O “avião-chefe” da empresa no Brasil é a linha P-68, que pode atender tanto o mercado civil como militar. “A Marinha do Chile acabou de comprar sete P-68 Observer, que serão usados em missões de vigilância. Aqui no Brasil, as forças armadas ainda não têm uma aeronave com essas características. Elas são essenciais para o controle de fronteiras”, avalia Moutinho.
O Observer é a versão mais avançada da linha bimotor P-68. Para ajudar na observação do terreno, a parte frontal da aeronave é toda transparente. “É como a cabine de um helicóptero”, conta o diretor da Vulcanair. Além disso, o aparelho ainda possui escotilhas na parte inferior da fuselagem que podem ser abertas durante o voo para o uso de câmeras e sensores. E o desempenho chama atenção: o avião tem autonomia para até 11 horas de voo.
A família P-68 ainda tem os modelos P-68C, um avião multi-missão com trem de pouso fixo (carga, transporte de pessoal, treinamento, e etc) e o P-68R, mais indicado para o mercado executivo e com trem de pouso retrátil. A fabricante ainda oferece opção de motores a pistão ou turbo-hélices. “Uma empresa do Tocantins comprou um Observer com recursos para mapeamento de terreno”, contou Moutinho.
Os aviões da fabricante italiana são do tipo que topam qualquer parada. “A configuração de asa alta e a construção robusta permite que nossos aviões operem em pistas pequenas ou semi-preparadas. Além disso, eles também consomem pouco combustível e tem baixo custo operacional”, garante o diretor da Vulcanair.
Outros produtos
Além dos três aparelhos da linha P-68, a Vulcanair também oferece no Brasil o modelo A-Viator, um bimotor turbo-hélice utilitário com capacidade para até 11 ocupantes. A aeronave também pode ser aplicada como cargueiro, ambulância aérea, entre outros serviços.
A outra opção é o monomotor V1.O, indicado para uso privado ou escolas de formação. O menor avião da Vulcanair pode transportar quatro pessoas e tem autonomia para quatro horas de voo. Na Europa, o modelo italiano é um dos preferidos por escolas de aviação.
O A-Viator é um avião do tipo “multi-missão” (Vulcanair)
Perspectivas
Apesar de já oferecer seus aviões no Brasil há cerca de cinco anos, a Vulcanair começou a se movimentar de forma mais intensa somente neste ano. “O primeiro passo é criar uma estrutura de apoio para os clientes, no caso as oficinas de manutenção”, explicou Moutinho.
“O mercado brasileiro é complicado”. O diretor português está no Brasil há cinco anos estudando o mercado (Rodrigo Cozzato)
Tradicionalmente, serviços de manutenção de aeronaves são realizadas por empresas terceirizadas. Raramente uma fabricante possui uma oficina própria no país onde atua. A empresa italiana já certificou oficinas em Sorocaba (SP), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO) e Fortaleza (CE). “São locais com mercados potenciais para nossos aviões ou onde já temos clientes”, conta o diretor.
Como explicou o diretor, os aviões da Vulcanair podem ser aplicados em diversas funções e por diferentes clientes. Alguns dos alvos da empresa são fazendeiros, empresas de táxi-aéreo, forças armadas, escolas de aviação e até para quem quiser ter o próprio avião no “hangar” de casa. “É um opção até para companhias aéreas que realizam voos regionais”, revelou Moutinho, citando como exemplo as empresas nacionais Sete Linhas Aéreas e Asta.
Preços de aviões, sempre em dólar, costumam assustar consumidores comuns, mas os praticados pela Vulcanair são considerados baixos para os padrões aeronáuticos. O modelo mais barato da empresa, o monomotor V1.0, é avaliado em cerca de US$ 260 mil, enquanto os aparelhos da linha P-68 começam em US$ 1 milhão. “Nossa vantagem é o custo benefício”, garante o diretor.
O monomotor V1.0 é avaliado em cerca de US$ 260 mil (Vulcanair)
A empresa italiana, entretanto, vendeu apenas quatro aviões no Brasil desde que chegou oficialmente. “O mercado brasileiro ainda não conhece as aeronaves da Vulcanair, mas isso vai começar a mudar”, contou o diretor da empresa, que confirmou a presença da empresa na Labace 2016, a maior feira de aviação do Brasil, em São Paulo (SP).
“É como uma nova marca de carro que acabou de chegar ao mercado. A desconfiança é natural no início, especialmente aqui no Brasil, com o público conservador nessa área”, finalizou o diretor da Vulcanair.
Fonte: Airway
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