[Brasil] Cenipa espera concluir investigação sobre acidente da Noar até dezembro
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[Brasil] Cenipa espera concluir investigação sobre acidente da Noar até dezembro
As investigações sobre as causas do acidente com a aeronave LET-410 da Nordeste Aviação Regional Linhas Aéras (Noar Linhas Aéreas), que caiu a cem metros da praia de Boa Viagem, no Recife, matando 16 pessoas, em julho do ano passado, podem ser concluídas até o fim de 2012. É o que espera o coronel Fernando Camargo, chefe da investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), que apresentou o que tem sido feito neste um ano após a queda. Ele conversou com a imprensa nesta quarta-feira (18), no Recife.
As causas do acidente ainda estão sendo estudadas, mas a fadiga precoce da palheta 27 do motor esquerdo, que causou a parada da turbina durante a decolagem, desencadeou uma série de eventos que podem ter contribuído para a queda. "Eu diria que a partir do momento em que a aeronave teve a falha no motor, vários eventos aconteceram. Estamos verificando cada um dos eventos para entender o que aconteceu. Estou tentando fazer um estudo teórico junto ao ITA [Instituto Tecnológico da Aeronáutica] para estimar a participação de cada um desses elementos, em uma tentativa saber se algo contribuiu ou não nessa performance, o que inclui o desempenho dos pilotos e o funcionamento de alguns dispositivos da aeronave", explica o coronel.
A fadiga do equipamento foi analisada por dois laboratórios, um americano e outro brasileiro. "A palheta já tinha voado em outro avião, russo. Quando acabou a vida útil do disco em que ela estava, ela passou por exames e foi colocada em um novo disco pelo fabricante, para depois ser instalada na aeronave da Noar. Apenas 23 horas depois, ela rompeu", detalha Fernando Camargo.
Uma das hipóteses levantadas para explicar a fadiga da peça era de que, no disco anterior, existia uma folga que teria originado essa falha. "Não temos como confirmar isso, uma vez que esse disco não existe mais. Porém, se essa hipótese for verdadeira, não temos condição de dizer que o exame que é feito para verificar a fadiga é eficiente. E isso tudo com base numa hipótese, porque não conseguimos estabelecer que existia realmente uma folga. É preciso discutir isso, pois afeta não só o fabricante como toda as fábricas aeronáuticas", pondera o coronel.
Outro fator que pode ter contribuído para o acidente foram as divergências encontradas entre três documentos elaborados pelo próprio fabricante. Enquanto o manual aponta que existem sete itens importantes a serem vistos em casos de emergência, o check list tinha apenas três. "É possível que essas lacunas que existem no check list tenham influenciado as reações do piloto a bordo, sim. Emitimos recomendações para que o fabricante defina o que é realmente mais importante", afirma o chefe da investigação, que não descarta ainda a possibilidade de falha humana no acidente.
O treinamento dos pilotos também foi um ponto analisado pelo Cenipa durante as investigações e que gerou recomendações, não somente para a Noar, como para outras empresas que voam com a aeronave. "Não encontramos evidências de que o treinamento prático, no caso de falha de motor, foi ministrado a todos os pilotos. Encontramos evidências em outras etapas, mas não na decolagem.O comandante tinha realizado o treinamento para falha na decolagem, mas não há evidências de que o copiloto tenha feito", diz Camargo.
Ao todo, o Cenipa já emitiu 15 recomendações a partir do acidente. "Essas recomendações visam evitar que aconteça outro caso como esse. São aprendizados que fazemos a partir de qualquer caso. Até mesmo um urubu que bate em uma turbina gera recomendações", exemplifica o coronel. Outras recomendações podem ser feitas até o término das investigações.
saiba mais
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Livro azul
O Cenipa esclareceu também que o livro azul, onde estavam anotados os problemas da manutenção do avião, estavam previstos na criação da empresa, segundo documentos da própria Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O livro serviria para anotações administrativas, como carpete molhado ou cinzeiro sujo. "Com o passar do tempo, esse livro começou a sofrer um desvio em seu uso. Os pilotos começaram a usar como um canal de comunicação com a manutenção, o que é indevido, uma vez que os problemas têm que ser registrado no diário de bordo. Aqui ficou caracterizado um desrespeito à regulamentação, que não teve relação com o acidente", ressalta o coronel.
Culpados
Como trabalha com hipóteses e apenas depoimentos voluntários, o Cenipa lembra que não cabe ao órgão definir culpados ou pesos para os fatores contribuintes para o acidente. "A finalidade da investigação é impedir que novos acidentes como esse aconteçam, através da prevenção. O inquérito policial tenta identificar causas, visa apontar culpados", explica o coronel.
O chefe das investigações ressalta ainda que o trabalho está sendo feito em harmonia com as investigações da Polícia Federal, que correm em segredo de Justiça. Inclusive, algumas peças que não mais são necessárias na investigação da Força Aérea tiveram a guarda encaminhada para a polícia, de acordo com o Cenipa.
Busca por respostas
As famílias das vítimas do acidente da Noar continuam em busca de respostas. Eles tiveram uma reunião de quatro horas com o Cenipa, antes da coletiva de imprensa, e saíram de lá com a sensação de que um peso foi retirado dos ombros. "Saímos mais confortados. Não tínhamos noção da extensão do trabalho que estava sendo feito. É realmente muito sério e nos transmite confiança, mas ainda queremos saber quem são os culpados para poder fechar o ciclo", defende a professora Roseane Oliveira, que perdeu a irmã no aciente.
O dentista Edson Andrade, que perdeu o enteado Raul Farias na queda do avião, afirma que a Associação de Famílias e Amigos das Vítimas do acidente da Noar (Afav Noar) pretende entregar uma carta ao Ministério Público após a conversa. "Queremos impedir que a aeronave LET-410 continue voando e cause mais acidentes. Não é uma aeronave segura e temos ainda uma empresa no Brasil voando com ela", afirma o dentista.
Presidente da Afav Noar, Geyson Soares ressalta que a luta por respostas ainda não terminou. "Tivemos hoje conhecimento da seriedade do processo desenvolvido pelo Cenipa, mas ainda queremos mais respostas. Não vamos deixar de lutar; enquanto houver esperança, lutaremos", defende.
A Noar Linhas Áreas informou à imprensa que comentaria o caso apenas após a conclusão das investigações por parte do Cenipa.
Fonte: G1
As causas do acidente ainda estão sendo estudadas, mas a fadiga precoce da palheta 27 do motor esquerdo, que causou a parada da turbina durante a decolagem, desencadeou uma série de eventos que podem ter contribuído para a queda. "Eu diria que a partir do momento em que a aeronave teve a falha no motor, vários eventos aconteceram. Estamos verificando cada um dos eventos para entender o que aconteceu. Estou tentando fazer um estudo teórico junto ao ITA [Instituto Tecnológico da Aeronáutica] para estimar a participação de cada um desses elementos, em uma tentativa saber se algo contribuiu ou não nessa performance, o que inclui o desempenho dos pilotos e o funcionamento de alguns dispositivos da aeronave", explica o coronel.
A fadiga do equipamento foi analisada por dois laboratórios, um americano e outro brasileiro. "A palheta já tinha voado em outro avião, russo. Quando acabou a vida útil do disco em que ela estava, ela passou por exames e foi colocada em um novo disco pelo fabricante, para depois ser instalada na aeronave da Noar. Apenas 23 horas depois, ela rompeu", detalha Fernando Camargo.
Uma das hipóteses levantadas para explicar a fadiga da peça era de que, no disco anterior, existia uma folga que teria originado essa falha. "Não temos como confirmar isso, uma vez que esse disco não existe mais. Porém, se essa hipótese for verdadeira, não temos condição de dizer que o exame que é feito para verificar a fadiga é eficiente. E isso tudo com base numa hipótese, porque não conseguimos estabelecer que existia realmente uma folga. É preciso discutir isso, pois afeta não só o fabricante como toda as fábricas aeronáuticas", pondera o coronel.
Outro fator que pode ter contribuído para o acidente foram as divergências encontradas entre três documentos elaborados pelo próprio fabricante. Enquanto o manual aponta que existem sete itens importantes a serem vistos em casos de emergência, o check list tinha apenas três. "É possível que essas lacunas que existem no check list tenham influenciado as reações do piloto a bordo, sim. Emitimos recomendações para que o fabricante defina o que é realmente mais importante", afirma o chefe da investigação, que não descarta ainda a possibilidade de falha humana no acidente.
O treinamento dos pilotos também foi um ponto analisado pelo Cenipa durante as investigações e que gerou recomendações, não somente para a Noar, como para outras empresas que voam com a aeronave. "Não encontramos evidências de que o treinamento prático, no caso de falha de motor, foi ministrado a todos os pilotos. Encontramos evidências em outras etapas, mas não na decolagem.O comandante tinha realizado o treinamento para falha na decolagem, mas não há evidências de que o copiloto tenha feito", diz Camargo.
Ao todo, o Cenipa já emitiu 15 recomendações a partir do acidente. "Essas recomendações visam evitar que aconteça outro caso como esse. São aprendizados que fazemos a partir de qualquer caso. Até mesmo um urubu que bate em uma turbina gera recomendações", exemplifica o coronel. Outras recomendações podem ser feitas até o término das investigações.
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'Dor não diminui', diz pai de vítima do acidente da Noar, um ano depois
Auditoria da Anac aponta 148 possíveis irregularidades na Noar
Livro azul
O Cenipa esclareceu também que o livro azul, onde estavam anotados os problemas da manutenção do avião, estavam previstos na criação da empresa, segundo documentos da própria Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O livro serviria para anotações administrativas, como carpete molhado ou cinzeiro sujo. "Com o passar do tempo, esse livro começou a sofrer um desvio em seu uso. Os pilotos começaram a usar como um canal de comunicação com a manutenção, o que é indevido, uma vez que os problemas têm que ser registrado no diário de bordo. Aqui ficou caracterizado um desrespeito à regulamentação, que não teve relação com o acidente", ressalta o coronel.
Culpados
Como trabalha com hipóteses e apenas depoimentos voluntários, o Cenipa lembra que não cabe ao órgão definir culpados ou pesos para os fatores contribuintes para o acidente. "A finalidade da investigação é impedir que novos acidentes como esse aconteçam, através da prevenção. O inquérito policial tenta identificar causas, visa apontar culpados", explica o coronel.
O chefe das investigações ressalta ainda que o trabalho está sendo feito em harmonia com as investigações da Polícia Federal, que correm em segredo de Justiça. Inclusive, algumas peças que não mais são necessárias na investigação da Força Aérea tiveram a guarda encaminhada para a polícia, de acordo com o Cenipa.
Busca por respostas
As famílias das vítimas do acidente da Noar continuam em busca de respostas. Eles tiveram uma reunião de quatro horas com o Cenipa, antes da coletiva de imprensa, e saíram de lá com a sensação de que um peso foi retirado dos ombros. "Saímos mais confortados. Não tínhamos noção da extensão do trabalho que estava sendo feito. É realmente muito sério e nos transmite confiança, mas ainda queremos saber quem são os culpados para poder fechar o ciclo", defende a professora Roseane Oliveira, que perdeu a irmã no aciente.
O dentista Edson Andrade, que perdeu o enteado Raul Farias na queda do avião, afirma que a Associação de Famílias e Amigos das Vítimas do acidente da Noar (Afav Noar) pretende entregar uma carta ao Ministério Público após a conversa. "Queremos impedir que a aeronave LET-410 continue voando e cause mais acidentes. Não é uma aeronave segura e temos ainda uma empresa no Brasil voando com ela", afirma o dentista.
Presidente da Afav Noar, Geyson Soares ressalta que a luta por respostas ainda não terminou. "Tivemos hoje conhecimento da seriedade do processo desenvolvido pelo Cenipa, mas ainda queremos mais respostas. Não vamos deixar de lutar; enquanto houver esperança, lutaremos", defende.
A Noar Linhas Áreas informou à imprensa que comentaria o caso apenas após a conclusão das investigações por parte do Cenipa.
Fonte: G1
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João Pedro Duarte
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