[Brasil] Na era dourada da aviação, serviço de bordo no Brasil já foi campeão
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[Brasil] Na era dourada da aviação, serviço de bordo no Brasil já foi campeão
Portal UOL
06/07/2012 - 06h00
Na era dourada da aviação, serviço de bordo no Brasil já foi campeão
Aiana Freitas
Do UOL, em São Paulo
Os homens colocavam seus melhores ternos e as mulheres, os vestidos mais elegantes. O jantar era servido em porcelana japonesa e o vinho, em taça de cristal. Viajar de avião, anos atrás, não significava apenas se deslocar de uma cidade para outra. Nos anos de ouro da aviação brasileira, voar era participar de um evento requintado, pelo qual poucos podiam pagar.
Hoje, espremer as pernas entre as poltronas, pagar por um lanche frio com suco de caixinha e às vezes até para levar bagagem de mão são hábitos que fazem parte do cotidiano de quem voa de avião, especialmente nos voos domésticos.
Quase nada lembra as poltronas largas, as refeições completas e os mimos como as caixas de chocolate suíço e os vidrinhos de perfume francês que já fizeram parte da realidade dos passageiros. Aviões de grande porte chegavam a contar com 15 comissários de bordo, além de seis profissionais na cabine de comando.
O serviço de bordo de antigamente
Funcionárias mostram uniformes da Vasp - Divulgação
Fazer lanche a bordo de aviões pode custar mais de R$ 20
A escritora Claudia Vasconcelos foi comissária (ou aeromoça, como se falava na época) da Varig por 30 anos. Começou a trabalhar na empresa nos anos 70, quando mesmo o passageiro da classe econômica tinha acesso a um atendimento de alto padrão.
Antes da refeição, todos recebiam toalhinhas úmidas para limpar as mãos. "Na primeira classe, o serviço de caviar da Varig virou uma grande sensação", conta ela. "Mas, mesmo na classe econômica, a refeição era servida em louça e o passageiro recebia talheres de metal e copo de vidro." Ao fim da refeição, um café quente devidamente acompanhado por chocolate suíço.
Serviço da Varig recebeu prêmio de melhor do mundo
O serviço de bordo da Varig, detalhado por Claudia Vasconcelos no livro "Estrela brasileira" (Editora KBR), chegou a ser premiado como o melhor do mundo em 1979 pela revista americana Air Transport World.
"O Brasil nunca foi lançador de tendência nesse sentido, mas a Varig tinha um serviço excepcional", diz o diretor de Comunicação e Marca da Azul, Gianfranco Beting. Entusiasta do assunto, Panda, como gosta de ser chamado, é autor do livro "Varig, eterna pioneira" (Editora PUC-RS e Beting Books).
Panda diz que o serviço da Varig começou a se diferenciar quando a empresa começou a operar uma rota entre o Brasil e os Estados Unidos, passando a disputar passageiros com a americana Pan Am.
"Ou a empresa estabelecia um padrão muito bom de atendimento ou era carta fora do baralho", diz. "No caso da Varig, um grande diferencial eram os profissionais. A companhia tinha um time muito bom e investia muito em treinamento."
Para compensar deficiências em terra, empresa investia no atendimento no ar
Um dos grandes responsáveis pela excelência do serviço, até hoje lembrado pelos seus ex-subordinados como uma referência, foi Sérgio Prates. Ele entrou na Varig em 1956 e, entre 1971 e 1990, dirigiu o serviço de bordo da empresa.
Era sua responsabilidade administrar o setor de compras, a estocagem do material, os profissionais e as cozinhas da empresa. Para preparar a refeição que seria servida a bordo, a Varig chegou a ter cozinhas próprias em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Nova York e Lisboa.
Economista por formação, Prates chegou a comandar 6.100 funcionários. Evita, no entanto, pegar para si todos os elogios à excelência do serviço. "Não fui o idealizador do serviço de bordo da Varig, fui o continuador", diz.
Prates afirma que o maior responsável pela fama que o serviço da Varig ganhou foi o ex-presidente da companhia, Ruben Berta (1907-1966).
"Ele sabia que era difícil oferecer excelência no serviço de terra por causa da deficiente infraestrutura aeroportuária e das condições meteorológicas. Via, então, que investir em um bom serviço de bordo era uma maneira de compensar o passageiro."
Transbrasil servia feijoada a bordo
Outras companhias brasileiras, como a Transbrasil e a Vasp, também chegaram a oferecer serviços de bordo que ficaram na memória dos brasileiros. A Transbrasil, por exemplo, chegou a servir feijoada a bordo nas décadas de 80 e 90.
Na Vasp, mesmo os voos da ponte aérea Rio-São Paulo contavam com canapés de entrada, refeição quente e diversas opções de bebida, como uísque, vinho e cerveja. O carrinho, que hoje inexiste em alguns voos, passava pelo menos duas vezes pelos corredores para os clientes se servirem.
"Às vezes a bebida alcoólica era até um problema, porque não podíamos falar 'não' a um passageiro e alguns deles se excediam", diz a ex-comissária da Vasp Marlene Ruza, conhecida como "Isa", atual diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
Aeromoças passavam por seleção rigorosa
Outra grande preocupação das empresas era com a apresentação dos comissários e comissárias. Seus uniformes seguiam as últimas tendências de moda, e acessórios como luvas, chapéus e echarpes faziam parte do figurino. O estilista Clodovil (1937-2009) foi responsável pelo uniforme dos tripulantes da Vasp por dez anos, a partir de 1963.
Os profissionais eram treinados pelas próprias empresas e o processo de seleção era rigoroso. Peso proporcional à altura ("bem" proporcional, no caso das mulheres, mostra anúncio de recrutamento da Varig dos anos 60) e dentição perfeita eram alguns dos requisitos.
Era preciso, ainda, participar de cursos que ensinavam a história das empresas e habilidades como a realização de partos a bordo. Ainda assim, "toda jovem tinha o sonho de ser aeromoça", diz Claudia Vasconcelos, ex-Varig.
06/07/2012 - 06h00
Na era dourada da aviação, serviço de bordo no Brasil já foi campeão
Aiana Freitas
Do UOL, em São Paulo
Os homens colocavam seus melhores ternos e as mulheres, os vestidos mais elegantes. O jantar era servido em porcelana japonesa e o vinho, em taça de cristal. Viajar de avião, anos atrás, não significava apenas se deslocar de uma cidade para outra. Nos anos de ouro da aviação brasileira, voar era participar de um evento requintado, pelo qual poucos podiam pagar.
Hoje, espremer as pernas entre as poltronas, pagar por um lanche frio com suco de caixinha e às vezes até para levar bagagem de mão são hábitos que fazem parte do cotidiano de quem voa de avião, especialmente nos voos domésticos.
Quase nada lembra as poltronas largas, as refeições completas e os mimos como as caixas de chocolate suíço e os vidrinhos de perfume francês que já fizeram parte da realidade dos passageiros. Aviões de grande porte chegavam a contar com 15 comissários de bordo, além de seis profissionais na cabine de comando.
O serviço de bordo de antigamente
Funcionárias mostram uniformes da Vasp - Divulgação
Fazer lanche a bordo de aviões pode custar mais de R$ 20
A escritora Claudia Vasconcelos foi comissária (ou aeromoça, como se falava na época) da Varig por 30 anos. Começou a trabalhar na empresa nos anos 70, quando mesmo o passageiro da classe econômica tinha acesso a um atendimento de alto padrão.
Antes da refeição, todos recebiam toalhinhas úmidas para limpar as mãos. "Na primeira classe, o serviço de caviar da Varig virou uma grande sensação", conta ela. "Mas, mesmo na classe econômica, a refeição era servida em louça e o passageiro recebia talheres de metal e copo de vidro." Ao fim da refeição, um café quente devidamente acompanhado por chocolate suíço.
Serviço da Varig recebeu prêmio de melhor do mundo
O serviço de bordo da Varig, detalhado por Claudia Vasconcelos no livro "Estrela brasileira" (Editora KBR), chegou a ser premiado como o melhor do mundo em 1979 pela revista americana Air Transport World.
"O Brasil nunca foi lançador de tendência nesse sentido, mas a Varig tinha um serviço excepcional", diz o diretor de Comunicação e Marca da Azul, Gianfranco Beting. Entusiasta do assunto, Panda, como gosta de ser chamado, é autor do livro "Varig, eterna pioneira" (Editora PUC-RS e Beting Books).
Panda diz que o serviço da Varig começou a se diferenciar quando a empresa começou a operar uma rota entre o Brasil e os Estados Unidos, passando a disputar passageiros com a americana Pan Am.
"Ou a empresa estabelecia um padrão muito bom de atendimento ou era carta fora do baralho", diz. "No caso da Varig, um grande diferencial eram os profissionais. A companhia tinha um time muito bom e investia muito em treinamento."
Para compensar deficiências em terra, empresa investia no atendimento no ar
Um dos grandes responsáveis pela excelência do serviço, até hoje lembrado pelos seus ex-subordinados como uma referência, foi Sérgio Prates. Ele entrou na Varig em 1956 e, entre 1971 e 1990, dirigiu o serviço de bordo da empresa.
Era sua responsabilidade administrar o setor de compras, a estocagem do material, os profissionais e as cozinhas da empresa. Para preparar a refeição que seria servida a bordo, a Varig chegou a ter cozinhas próprias em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, Nova York e Lisboa.
Economista por formação, Prates chegou a comandar 6.100 funcionários. Evita, no entanto, pegar para si todos os elogios à excelência do serviço. "Não fui o idealizador do serviço de bordo da Varig, fui o continuador", diz.
Prates afirma que o maior responsável pela fama que o serviço da Varig ganhou foi o ex-presidente da companhia, Ruben Berta (1907-1966).
"Ele sabia que era difícil oferecer excelência no serviço de terra por causa da deficiente infraestrutura aeroportuária e das condições meteorológicas. Via, então, que investir em um bom serviço de bordo era uma maneira de compensar o passageiro."
Transbrasil servia feijoada a bordo
Outras companhias brasileiras, como a Transbrasil e a Vasp, também chegaram a oferecer serviços de bordo que ficaram na memória dos brasileiros. A Transbrasil, por exemplo, chegou a servir feijoada a bordo nas décadas de 80 e 90.
Na Vasp, mesmo os voos da ponte aérea Rio-São Paulo contavam com canapés de entrada, refeição quente e diversas opções de bebida, como uísque, vinho e cerveja. O carrinho, que hoje inexiste em alguns voos, passava pelo menos duas vezes pelos corredores para os clientes se servirem.
"Às vezes a bebida alcoólica era até um problema, porque não podíamos falar 'não' a um passageiro e alguns deles se excediam", diz a ex-comissária da Vasp Marlene Ruza, conhecida como "Isa", atual diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
Aeromoças passavam por seleção rigorosa
Outra grande preocupação das empresas era com a apresentação dos comissários e comissárias. Seus uniformes seguiam as últimas tendências de moda, e acessórios como luvas, chapéus e echarpes faziam parte do figurino. O estilista Clodovil (1937-2009) foi responsável pelo uniforme dos tripulantes da Vasp por dez anos, a partir de 1963.
Os profissionais eram treinados pelas próprias empresas e o processo de seleção era rigoroso. Peso proporcional à altura ("bem" proporcional, no caso das mulheres, mostra anúncio de recrutamento da Varig dos anos 60) e dentição perfeita eram alguns dos requisitos.
Era preciso, ainda, participar de cursos que ensinavam a história das empresas e habilidades como a realização de partos a bordo. Ainda assim, "toda jovem tinha o sonho de ser aeromoça", diz Claudia Vasconcelos, ex-Varig.
cwbspotter- Tenente-Brigadeiro
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Re: [Brasil] Na era dourada da aviação, serviço de bordo no Brasil já foi campeão
Realmente eram tempos de ouro. Não voei na epoca de ouro, porem na decada de 80 e 90 o serviço ainda era muito, lembro de copos de cristal na Varig, tenho 2 em casa ate hoje, lembro de servirem churrasco na primeira classe em um voo entre Rio e Miami (tinha uma escala em Belem aonde eu fiquei),comi a feijoada na TBA, alias a TBA tinha um serviço de bordo muito bom, não chegava ao nivel da Varig mas eles se esforçavam, lembro do carrinho de sobremesas e no 767 acho que eles embarcavam o que tinham de melhor, a Vasp tinha na minha opnião o serviço mais caidinho (para os padrões de hoje era excelente).
Porem hoje muita coisa mudou, as empresas não podem oferecer esse padrão, ate porque as passagens cairam muito e as margens diminuiram, não é possivel manter um padrão como os antigos, principalemnte nos voos domesticos.
Porem hoje muita coisa mudou, as empresas não podem oferecer esse padrão, ate porque as passagens cairam muito e as margens diminuiram, não é possivel manter um padrão como os antigos, principalemnte nos voos domesticos.
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A única situação em que se tem excesso de combustível, é quando se tem um incêndio a bordo.
G.Friedrich- Tenente-Coronel
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