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Mensagem por cwbspotter Sex 29 Jun 2012, 13:10

O Globo
Sexta-feira, 29 de junho de 2012
O lixo que não é de ninguém
Órgãos não se entendem sobre responsabilidade pela coleta no entorno do Galeão
Flávia Milhorance
flavia.milhorance@oglobo.com.br

Ângelo Antônio Duarte

O LIXO que se acumula às margens da Baía de Guanabara no entorno do Aeroporto Internacional Tom Jobim: coleta à deriva

O Aeroporto Internacional Tom Jobim tem uma área de 17 quilômetros quadrados, e quase a totalidade deste território é contornada pela Baía de Guanabara. O que poderia ser um privilégio para o Galeão, rodeado de paisagens naturais, é, na verdade, um tormento. A cada maré, grande quantidade de lixo se acumula nas margens do aeroporto, o que, além de criar um cenário de degradação, ainda pode representar risco às aeronaves, devido ao aumento do número de aves e até de objetos na pista. Mas de quem é a responsabilidade pela coleta do entulho acumulado? A pergunta fica no ar.

— A região, em tese, é da Infraero. Mas a margem fica indefinida neste contexto. Não há um entendimento sobre a responsabilidade do resíduo que vem da maré da Baía de Guanabara — afirmou Fued Abrão Júnior, coordenador de meio ambiente da Infraero.

De acordo com Fued, trechos das margens são limpos “de tempos em tempos” pela Infraero, mas não há uma periodicidade. O entulho é retirado, por exemplo, quando é feito o aparo da grama do entorno do Galeão, que, segundo o órgão, ocorre duas vezes por mês. A empresa Sanetran Saneamento Ambiental S/A tem a concessão do serviço de coleta do aeroporto e recolhe mensalmente cerca de 16 toneladas de lixo. Mas o contrato não abrange o recolhimento do entulho das margens da baía. — É um lixo que não é gerado dentro do aeroporto. Imagine internalizar todo o custo de coleta e descarte correto disso — afirmou Fued, que garantiu que a Infraero tem realizado reuniões com a prefeitura para tratar do tema. — Estamos buscando parcerias para tornar o trabalho contínuo.


Infraero avalia custos da coleta

A Infraero diz que está levantando o custo da coleta diária do lixo da baía, incluindo a instalação das chamadas ecobarreiras. Mesmo assim, ainda espera contar com o apoio da prefeitura para a sua implementação. Por meio de nota, o superintendente regional da empresa, Abibe Ferreira Júnior, afirmou que o órgão “vem dialogando positivamente com a prefeitura para tratar de diversos temas em comum, o que inclui a remoção de resíduos que chegam à orla do aeroporto”.

Apesar de a Infraero garantir que tem tido um bom diálogo com a prefeitura, a Comlurb informou, por meio de nota, que a área do aeroporto é federal. Sobre a coleta no local, limitou-se a dizer que “a Infraero tem uma empresa contratada para fazer a limpeza”.

Em relatório feito em maio, a Infraero apontou 11 áreas críticas de acúmulo de lixo e admitiu que isso “é um fator de risco para a segurança operacional”. Um dos perigos é que objetos, por ação do vento, sejam transportados para as pistas. Além disso, o lixo é um atrativo a pequenos animais que, por sua vez, atraem aves, que podem colidir com aeronaves. Apenas em 2011, a Infraero contabilizou 44 incidentes com pássaros dentro do Galeão. Até abril deste ano, foram 15 ocorrências. O coordenador executivo do Programa de Saneamento da Baía de Guanabara (Psam), da Secretaria estadual do Ambiente, Gelson Serva, afirmou que a pasta estuda implementar um programa específico para recolher o lixo flutuante de rios e da baía. Já a Cedae informou que esta é uma atribuição da Secretaria do Ambiente.

O lixo no entorno é apenas um dos muitos problemas enfrentados pelo Galeão. Na tarde de ontem, repórteres do GLOBO se depararam, nos dois terminais, com uma esteira, quatro elevadores, uma escada rolante e bebedouros fora de operação. No terminal 1, a escada rolante central estava com tapumes de obras, sem funcionários. Segundo a Infraero, as escadas começaram a ser retiradas segunda-feira. A empresa informa ainda que aumentará o valor investido mensalmente em manutenção de R$ 112 mil para R$ 230 mil a partir de setembro.

Para atender aos passageiros na Rio+20, a Infraero investiu cerca de R$ 1 milhão em manutenção no Galeão. Além das ações já desenvolvidas periodicamente, foram realizados serviços como recapeamento, recuperação da área de estacionamento de veículos oficiais, reparo do telhado e aumento da mão de obra. A Infraero estima que cerca de 54 mil pessoas tenham passado pelo Galeão diariamente durante a conferência.

Aeroporto reutiliza água de esgoto tratado

Enquanto a dificuldade de coleta de lixo nas margens da Baía de Guanabara traz à tona o impasse entre os órgãos públicos, a situação do tratamento da água do aeroporto é bem diferente. A média de consumo do Galeão é de 90 milhões de litros por mês, e cerca de 45% desta água são provenientes das duas estações de tratamento da própria Infraero.

Isso foi possível após obras de melhorias nas estações já em funcionamento, que, em 2008, passaram a reaproveitar água da chuva, explorar água subterrânea e reutilizar o esgoto tratado. Entre os principais fins do reuso da água, estão mictórios, vasos sanitários, reservas em casos de incêndio e o sistema de refrigeração do aeroporto.

— O pensamento foi o de melhorar a gestão de recursos hídricos, de aumentar a autossuficiência e diminuir a dependência do estado, numa eventual falta de água, por exemplo — explicou o diretor de meio ambiente da Infraero, Fued Abrão Júnior.

O aeroporto produz em torno de 586 milhões de litros de esgoto mensalmente, e a Infraero garante que tudo é tratado, sendo cerca de 15% reutilizados. O restante é despejado na Baía de Guanabara.

A CDN Serviços de Água e Esgoto S/A tem a concessão do serviço até 2014. A água tratada no Aeroporto Tom Jobim é utilizada apenas em locais onde não há necessidade de água potável.

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Rafael
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