[Brasil] Helicópteros com voos mais altos na Zona Sul.
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[Brasil] Helicópteros com voos mais altos na Zona Sul.
O Globo
Publicado:
15/06/12 - 18h43
Helicópteros com voos mais altos na Zona Sul
Mudanças em rotas de helicópteros diminuirão transtornos para moradores do Rio
Pilotos terão que voar mais alto quando estiverem sobre áreas habitadas da Zona Sul
RENATA LEITE
Atualizado:
15/06/12 - 23h01
Mudanças em rotas de helicópteros diminuirão transtornos para moradores do Rio
MÁRCIA FOLETTO / O GLOBO
RIO - O aumento da altura mínima para voos de todos os helicópteros, turísticos ou não, na área da Lagoa promete diminuir os transtornos enfrentados pelo grupo de moradores que reclama há meses do barulho causado pelas aeronaves. Há casos em que os pilotos tiveram sua rota alterada para altitudes até cinco vezes superiores ao mínimo anteriormente estipulado. Desde 8 de maio, por determinação do Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea), os helicópteros que voarem em direção ao Cristo Redentor são obrigados a subir a 2.500 pés (762 metros)a partir do meio da Lagoa Rodrigo de Freitas. Antes, essas aeronaves trafegavam sobre a área residencial do Jardim Botânico e do Humaitá a 500 pés (cerca de 150 metros). Os pilotos também ficam obrigados a pedir autorização à torre de controle de voos do Aeroporto Santos Dumont. Segundo a Infraero, os operadores de tráfego estão preparados para o aumento no número de pedidos de permissões e não estão sobrecarregados.
Para simplificar a rota em direção ao Santos Dumont, o Decea apresentou como alternativa uma outra via já existente, que passa pelo Jardim de Alah e segue pela orla. O órgão se comprometeu a negociar com os pilotos um “acordo de cavalheiros”: eles subiriam a mil pés (cerca de 300 metros) no meio da Lagoa e manteriam essa altura enquanto cruzarem a área urbana pelo Jardim de Alah, até chegarem ao mar. Ali, o limite hoje é de 500 pés.
Embora não tenha sido motivada pelas reclamações do movimento Rio Livre de Helicópteros Sem Lei, a alteração na rota de quem sobrevoa o Cristo já favorece os moradores que reclamam do barulho, segundo o coronel Cesar Augusto Borges Tuna, chefe do Serviço Regional de Proteção ao Voo do Decea no Rio e em São Paulo. Tuna explicou que a mudança foi implantada devido às novas restrições na rota 2 (que passa pela Zona Sul) do Aeroporto Santos Dumont. Desde o fim do ano passado, os aviões que decolam e aterrissam no local tiveram alterados o ângulo de aproximação e a altura da rota, devido ao impacto do barulho dos aviões em outros bairros, como Botafogo, Flamengo, Urca, Laranjeiras, Glória e Santa Teresa.
Decea admite não ter como fiscalizar
O Decea, subordinado ao Ministério da Defesa, reuniu-se anteontem com representantes do movimento Rio Livre de Helicópteros Sem Lei para apresentar as novidades, que foram recebidas de forma positiva. A Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe) ressaltou que não tem poder fiscalizador, mas é solidária com os anseios da população pelo reordenamento do tráfego em algumas regiões do Rio. Em nota, a entidade afirmou que “os pilotos moram na cidade e, quando não estão voando, percebem o desconforto”.
— Faremos o acordo com os pilotos, mas nossos radares não detectam o espaço aéreo da região nessas altitudes. Logo, não temos como fiscalizar. Além disso, as normas internacionais dizem que sobre áreas urbanas os pilotos estão autorizados a voar a 500 pés. No caso do Corcovado, temos uma questão de segurança, e há um documento determinando que os pilotos subam a 2.500 pés, mas no Jardim de Alah não temos como obrigar — reconheceu o coronel Tuna. — De qualquer forma, nossa experiência mostra que é possível negociar com os profissionais. Eles costumam entender que vão ser prejudicados em sua própria atividade se não cumprirem o acordo.
A Abraphe informou que “desde que o grupo de pilotos que opera e reside no Rio tomou conhecimento das reclamações, vem buscando experiências que diminuam o incômodo. Uma delas é buscar a altitude de mil pés ao decolar do heliponto da Lagoa, por exemplo”.
O novo presidente da Associação de Moradores do Jardim Botânico, João Mauro Senise, considerou positivas as novidades apresentadas na reunião com o Decea. Para ele, a tendência é que o ruído seja reduzido, embora ainda faltem alguns pontos para ser discutidos:
— Não resolveu o nosso problema, mas melhorou. A questão é que o Decea diz não ter como monitorar se as novas regras vão ser respeitadas. Cairá mais uma vez no colo da população fiscalizar, e é difícil avaliar da terra se a aeronave está na altura certa. Além disso, ainda precisamos regulamentar horários de sobrevoo dos helicópteros e o número de aeronaves. Esses assuntos não foram discutidos na reunião.
Leblon e Ipanema estão apreensivos
Enquanto alguns comemoravam, outros ficaram apreensivos com a novidade. Representantes de moradores e comerciantes do Leblon e de Ipanema estão preocupados com a possibilidade de que o aumento do tráfego de helicópteros pela orla apenas transfira o problema de lugar. Informada sobre as mudanças, a presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leblon, Evelyn Rosenzweig, disse que na última semana reparou ter havido um aumento do número de aeronaves na região:
— O barulho de helicópteros chamou a minha atenção, mas não sei se tem relação com a realização da Rio+20. De qualquer forma, essa mudança preocupa. Estamos apoiando, de forma solidária, o movimento das associações de moradores, mas espero que não acabemos nos tornando vítimas também.
A preocupação é compartilhada por Augusto Boisson, presidente da Associação de Proprietários de Prédios do Leblon, membro do Conselho de Segurança da região e fundador do Grupo de Amigos do Jardim de Alah.
— O aumento no fluxo de helicópteros pela orla pode incomodar moradores e também os banhistas, sem falar em questões de segurança. Essas aeronaves são bem mais perigosas do que aviões. Se o problema for constatado, vamos reagir à altura.
Publicado:
15/06/12 - 18h43
Helicópteros com voos mais altos na Zona Sul
Mudanças em rotas de helicópteros diminuirão transtornos para moradores do Rio
Pilotos terão que voar mais alto quando estiverem sobre áreas habitadas da Zona Sul
RENATA LEITE
Atualizado:
15/06/12 - 23h01
Mudanças em rotas de helicópteros diminuirão transtornos para moradores do Rio
MÁRCIA FOLETTO / O GLOBO
RIO - O aumento da altura mínima para voos de todos os helicópteros, turísticos ou não, na área da Lagoa promete diminuir os transtornos enfrentados pelo grupo de moradores que reclama há meses do barulho causado pelas aeronaves. Há casos em que os pilotos tiveram sua rota alterada para altitudes até cinco vezes superiores ao mínimo anteriormente estipulado. Desde 8 de maio, por determinação do Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea), os helicópteros que voarem em direção ao Cristo Redentor são obrigados a subir a 2.500 pés (762 metros)a partir do meio da Lagoa Rodrigo de Freitas. Antes, essas aeronaves trafegavam sobre a área residencial do Jardim Botânico e do Humaitá a 500 pés (cerca de 150 metros). Os pilotos também ficam obrigados a pedir autorização à torre de controle de voos do Aeroporto Santos Dumont. Segundo a Infraero, os operadores de tráfego estão preparados para o aumento no número de pedidos de permissões e não estão sobrecarregados.
Para simplificar a rota em direção ao Santos Dumont, o Decea apresentou como alternativa uma outra via já existente, que passa pelo Jardim de Alah e segue pela orla. O órgão se comprometeu a negociar com os pilotos um “acordo de cavalheiros”: eles subiriam a mil pés (cerca de 300 metros) no meio da Lagoa e manteriam essa altura enquanto cruzarem a área urbana pelo Jardim de Alah, até chegarem ao mar. Ali, o limite hoje é de 500 pés.
Embora não tenha sido motivada pelas reclamações do movimento Rio Livre de Helicópteros Sem Lei, a alteração na rota de quem sobrevoa o Cristo já favorece os moradores que reclamam do barulho, segundo o coronel Cesar Augusto Borges Tuna, chefe do Serviço Regional de Proteção ao Voo do Decea no Rio e em São Paulo. Tuna explicou que a mudança foi implantada devido às novas restrições na rota 2 (que passa pela Zona Sul) do Aeroporto Santos Dumont. Desde o fim do ano passado, os aviões que decolam e aterrissam no local tiveram alterados o ângulo de aproximação e a altura da rota, devido ao impacto do barulho dos aviões em outros bairros, como Botafogo, Flamengo, Urca, Laranjeiras, Glória e Santa Teresa.
Decea admite não ter como fiscalizar
O Decea, subordinado ao Ministério da Defesa, reuniu-se anteontem com representantes do movimento Rio Livre de Helicópteros Sem Lei para apresentar as novidades, que foram recebidas de forma positiva. A Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe) ressaltou que não tem poder fiscalizador, mas é solidária com os anseios da população pelo reordenamento do tráfego em algumas regiões do Rio. Em nota, a entidade afirmou que “os pilotos moram na cidade e, quando não estão voando, percebem o desconforto”.
— Faremos o acordo com os pilotos, mas nossos radares não detectam o espaço aéreo da região nessas altitudes. Logo, não temos como fiscalizar. Além disso, as normas internacionais dizem que sobre áreas urbanas os pilotos estão autorizados a voar a 500 pés. No caso do Corcovado, temos uma questão de segurança, e há um documento determinando que os pilotos subam a 2.500 pés, mas no Jardim de Alah não temos como obrigar — reconheceu o coronel Tuna. — De qualquer forma, nossa experiência mostra que é possível negociar com os profissionais. Eles costumam entender que vão ser prejudicados em sua própria atividade se não cumprirem o acordo.
A Abraphe informou que “desde que o grupo de pilotos que opera e reside no Rio tomou conhecimento das reclamações, vem buscando experiências que diminuam o incômodo. Uma delas é buscar a altitude de mil pés ao decolar do heliponto da Lagoa, por exemplo”.
O novo presidente da Associação de Moradores do Jardim Botânico, João Mauro Senise, considerou positivas as novidades apresentadas na reunião com o Decea. Para ele, a tendência é que o ruído seja reduzido, embora ainda faltem alguns pontos para ser discutidos:
— Não resolveu o nosso problema, mas melhorou. A questão é que o Decea diz não ter como monitorar se as novas regras vão ser respeitadas. Cairá mais uma vez no colo da população fiscalizar, e é difícil avaliar da terra se a aeronave está na altura certa. Além disso, ainda precisamos regulamentar horários de sobrevoo dos helicópteros e o número de aeronaves. Esses assuntos não foram discutidos na reunião.
Leblon e Ipanema estão apreensivos
Enquanto alguns comemoravam, outros ficaram apreensivos com a novidade. Representantes de moradores e comerciantes do Leblon e de Ipanema estão preocupados com a possibilidade de que o aumento do tráfego de helicópteros pela orla apenas transfira o problema de lugar. Informada sobre as mudanças, a presidente da Associação de Moradores e Amigos do Leblon, Evelyn Rosenzweig, disse que na última semana reparou ter havido um aumento do número de aeronaves na região:
— O barulho de helicópteros chamou a minha atenção, mas não sei se tem relação com a realização da Rio+20. De qualquer forma, essa mudança preocupa. Estamos apoiando, de forma solidária, o movimento das associações de moradores, mas espero que não acabemos nos tornando vítimas também.
A preocupação é compartilhada por Augusto Boisson, presidente da Associação de Proprietários de Prédios do Leblon, membro do Conselho de Segurança da região e fundador do Grupo de Amigos do Jardim de Alah.
— O aumento no fluxo de helicópteros pela orla pode incomodar moradores e também os banhistas, sem falar em questões de segurança. Essas aeronaves são bem mais perigosas do que aviões. Se o problema for constatado, vamos reagir à altura.
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