[Brasil] Polêmica nas bagagens de mão
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[Brasil] Polêmica nas bagagens de mão
Jornal do Brasil / Slot – 28/03/10
ARTIGO - Começa a revolta contra as carry on bags
Sou, como todo viajante frequente, viciado em malas.
Marcelo Ambrosio
Marcelo.ambrosio@jb.com.br
Especificamente, nas que cabem nos bagageiros. Venho acompanhando a inventividade dos projetistas, principalmente no
sentido de observar a ampliação do espaço dos compartimentos maximizando a capacidade da mala sem ultrapassar os limites permitidos pelos regulamentos internacionais. Dada a cobrança cada vez mais salgada pelo que é despachado, a saída para muitos é levar o máximo possível na mão.
Estava em uma loja de São Paulo, no sábado passado, e encontrei uma promoção desse tipo de valise, importada, da Samsonite.
A marca, ao lado da suíça Tumi e de outras estão as que logo perceberam o quanto executivos que se deslocam em viagens de no máximo dois dias detestam despachar bagagem. O modelo já traz a tendência atual, com rodízios que giram 360°.
Um detalhe me chamou a atenção. Embora fosse larga e tivesse de ser transportada na mão dentro da cabine, a mala cabia no bagageiro e tinha considerável capacidade de peso. Lembrei então de uma cena num embarque em Guarulhos outro dia: uma senhora com uma desse padrão precisou pedir ajuda a dois passageiros para que a bagagem pudesse ser colocada no compartimento.
Se eram barras de chumbo ou sacos de terra o que carregava, não importa. A questão é que a mala resvalou e acertaria a cabeça de alguém se não tivesse sido travada, a custo, pelos dois “ajudantes”. É esse o ponto central. Nos EUA, a associação de comissários de voo (AFA-CWA) decidiu criar um movimento para chamar a atenção das autoridades diante do que chamam de “abuso”. Com 50 mil associados, ligados a 22 empresas aéreas, a associação quer que o uso indiscriminado de volumes grandes e pesados, ainda que dentro das dimensões permitidas, seja proibido.
A petição da AFA é embasada em uma estatística compilada nas companhias: a de que 80% das tripulantes de cabine já
sofreram algum tipo de lesão causada por malas carry on com excesso de peso, que caem do bagageiro. As mais comuns
foram distensões em músculos do ombro ou do pescoço. Uma em cada duas comissárias entrevistadas também declararam ter assistido incidentes assim nos últimos 60 dias.
Isso, para a aviação americana, é muito. Lá, como a regional é muito disseminada, boa parte das rotas é cumprida por aeronaves como os Embraer 145, Bombardier e MD-90 principalmente, com capacidade para 100 passageiros em média e bagageiros menores. Nessas etapas, as carry on não vão a bordo. São confiscadas no embarque e realocadas no porão de carga de acordo com a distribuição de peso ideal. O movimento das comissárias pressiona o Congresso por um padrão único para todas as malas de bordo, independentemente do fabricante – The Securing Carry-On Baggage Act, H.R. 2870. A lei também tiraria das companhias o poder de vetar ou permitir o ingresso dessa bagagem no avião.
Se a questão americana é com o tamanho, aqui as empresas exageram para o lado do peso, seguindo resolução da Anac que determina um máximo de 5 kg para volumes de mão – fora bolsas ou pastas. Uma carry onde boa qualidade pesa, vazia, mais que isso. Mas, como no caso que vi em Guarulhos, há abusos. Há malas grandes, pesadas e passageiros espertos demais, como os que as usam para entupirem os bagageiros dianteiros e assim sair mais rápido, obrigando quem está na dianteira da aeronave a enfrentar o fluxo de companheiros de viagem a resgatar seus pertences de mão. Em geral, as duas coisas andam juntas.
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O negócio é sério. No site da AFA tem um tópico e existe um site para esse movimento: http://www.endcarryoncrunch.org/
Eu acho duas coisas:
- No Brasil isso ainda não está tão complicado, justamente pelo fato de que não existem taxas sobre bagagens como nas low cost dos EUA e Europa. Mas é só uma questão de tempo para isso aparecer em algumas cias aqui como a GOL.
- Eu sempre procuro viajar só com mala de mão, principalmente porque minhas viagens sempre terminam em Confins, aonde não tem em nenhum lugar do Brasil que já passei com a restituição de mala tão lenta. É impressionante a demora para ter a bagagem de volta aqui em CNF. Já fiquei mais de 30 minutos esperando minha bagagem e isso me estimula a não despachar bagagem e fazer o maximo para caber numa mala de mao.
ARTIGO - Começa a revolta contra as carry on bags
Sou, como todo viajante frequente, viciado em malas.
Marcelo Ambrosio
Marcelo.ambrosio@jb.com.br
Especificamente, nas que cabem nos bagageiros. Venho acompanhando a inventividade dos projetistas, principalmente no
sentido de observar a ampliação do espaço dos compartimentos maximizando a capacidade da mala sem ultrapassar os limites permitidos pelos regulamentos internacionais. Dada a cobrança cada vez mais salgada pelo que é despachado, a saída para muitos é levar o máximo possível na mão.
Estava em uma loja de São Paulo, no sábado passado, e encontrei uma promoção desse tipo de valise, importada, da Samsonite.
A marca, ao lado da suíça Tumi e de outras estão as que logo perceberam o quanto executivos que se deslocam em viagens de no máximo dois dias detestam despachar bagagem. O modelo já traz a tendência atual, com rodízios que giram 360°.
Um detalhe me chamou a atenção. Embora fosse larga e tivesse de ser transportada na mão dentro da cabine, a mala cabia no bagageiro e tinha considerável capacidade de peso. Lembrei então de uma cena num embarque em Guarulhos outro dia: uma senhora com uma desse padrão precisou pedir ajuda a dois passageiros para que a bagagem pudesse ser colocada no compartimento.
Se eram barras de chumbo ou sacos de terra o que carregava, não importa. A questão é que a mala resvalou e acertaria a cabeça de alguém se não tivesse sido travada, a custo, pelos dois “ajudantes”. É esse o ponto central. Nos EUA, a associação de comissários de voo (AFA-CWA) decidiu criar um movimento para chamar a atenção das autoridades diante do que chamam de “abuso”. Com 50 mil associados, ligados a 22 empresas aéreas, a associação quer que o uso indiscriminado de volumes grandes e pesados, ainda que dentro das dimensões permitidas, seja proibido.
A petição da AFA é embasada em uma estatística compilada nas companhias: a de que 80% das tripulantes de cabine já
sofreram algum tipo de lesão causada por malas carry on com excesso de peso, que caem do bagageiro. As mais comuns
foram distensões em músculos do ombro ou do pescoço. Uma em cada duas comissárias entrevistadas também declararam ter assistido incidentes assim nos últimos 60 dias.
Isso, para a aviação americana, é muito. Lá, como a regional é muito disseminada, boa parte das rotas é cumprida por aeronaves como os Embraer 145, Bombardier e MD-90 principalmente, com capacidade para 100 passageiros em média e bagageiros menores. Nessas etapas, as carry on não vão a bordo. São confiscadas no embarque e realocadas no porão de carga de acordo com a distribuição de peso ideal. O movimento das comissárias pressiona o Congresso por um padrão único para todas as malas de bordo, independentemente do fabricante – The Securing Carry-On Baggage Act, H.R. 2870. A lei também tiraria das companhias o poder de vetar ou permitir o ingresso dessa bagagem no avião.
Se a questão americana é com o tamanho, aqui as empresas exageram para o lado do peso, seguindo resolução da Anac que determina um máximo de 5 kg para volumes de mão – fora bolsas ou pastas. Uma carry onde boa qualidade pesa, vazia, mais que isso. Mas, como no caso que vi em Guarulhos, há abusos. Há malas grandes, pesadas e passageiros espertos demais, como os que as usam para entupirem os bagageiros dianteiros e assim sair mais rápido, obrigando quem está na dianteira da aeronave a enfrentar o fluxo de companheiros de viagem a resgatar seus pertences de mão. Em geral, as duas coisas andam juntas.
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Duley- Major-Brigadeiro
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Re: [Brasil] Polêmica nas bagagens de mão
Duley escreveu:
... Já fiquei mais de 30 minutos esperando minha bagagem e isso me estimula a não despachar bagagem e fazer o maximo para caber numa mala de mao.
Só 30 minutos?
Venha ao Galeão, já fiquei mais de hora esperando pelas benditas, e olha que mais de hora sem sair nenhuma mala de ninguém. Vôo vindo de Lisboa.
Se continuar assim na copa não sei não...
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