Invasão Aérea Suburbana

INVASÃO AÉREA SUBURBANA

O cenário não poderia ser outro: área de embarque. Ali, ultimamente infiltrada, a classe D pinta no pedaço. Em meio a executivos, artistas famosos, jogadores de futebol, madames, personalidades, figura a classe D, mais conhecida como povão. Agências de turismo, empresas aéreas e preços promocionais relâmpagos de passagens aéreas: a classe D deita e rola. Para qualquer parte do país. Porto Seguro: R$ 49, em 12 vezes iguais. Lógico, lá vão eles... As bagagens são conhecidas: sacola de supermercado, pranchas de isopor, mochila de times. Aí, a criança pede pra mãe: "Compra um chup-chup e uma paçoquinha!?". "Não, Jhonatann Christian, esse dinheiro é do gás". Dentro do avião, há aquela visão do terror do invasor. O executivo agenda negócios na Suíça em seu notebook, e o Wesley Kleython manda ver um pão com salame e um copo de ki-suco, com direito a farelo de pão caindo no teclado do figurão. Ele nem se toca e cai matando. No corredor, Jhennifer Histein da Silva mexe em tudo, e fala alto pra mãe que quer fazer cocô. A mamãe, bem à vontade, levanta da poltrona descalça. Assim, a viagem segue. O executivo já desconcentrado e perdido, e Washington Bitencourt come o seu lanche todo num tapa e ainda fila o do executivo. Dona Sebastiana comenta com Dusanjos, lá na quinta poltrona, que comprou um CD de Luan Santana e do Trio Parada Dura no Shopping Oi... Na mente do executivo, passa a ideia de que aquele avião tinha que ter dois andares, e separados por classe. É como diz o velho ditado: "Quem nasceu João, nunca vai ser John".

Autor: Joel Fagundes Moura
Fonte: http://www.otempo.com.br/supernoticia/noticias/?IdNoticia=68087,SUP&busca=Suburbana&pagina=1

Olá Cmte Barros

Realmente o texto mostra uma face do Brasil que muitos tentam esconder: A "exclusão social". Deve ser muito difícil para os grã-finos e os tais executivos estarem convivendo ao lado de pessoas que julgam de nível inferior, porque são pobres e que pela pela primeira vez estão tendo a oportunidade de realizar um sonho, que acho, deve ser de todo ser humano: voar. No Brasil os governos sempre relegaram aos pobres o ônibus e as péssimas estradas (a velha lógica do dê ao pobre o que ele merece) e agora quando surge a chance do primeiro voo, as classes abastadas e ricas do país impõem seu nojo aos desfavorecidos dizendo que estão infiltrando seu espaço.

Uma das coisas que mais me deixa irritado em um avião é quando uma comissária age com um tratamento diferenciado com alguém simplesmente pelo fato de aparentar ser humilde. Deve haver respeito com as pessoas em todos os lugares, independente de serem da classe C,D,Y ou Z. Enquanto neste país haver este tipo de apartheid social haverão textos infelizes como esse.

Se um dia me tornar piloto comercial tratarei da mesma maneira tanto o pobre (ou o povão) quanto o rico e acho que é assim que deve ser.

É o que penso a respeito.

Abraços

Alan Dantas escreveu:Olá Cmte Barros

Realmente o texto mostra uma face do Brasil que muitos tentam esconder: A "exclusão social". Deve ser muito difícil para os grã-finos e os tais executivos estarem convivendo ao lado de pessoas que julgam de nível inferior, porque são pobres e que pela pela primeira vez estão tendo a oportunidade de realizar um sonho, que acho, deve ser de todo ser humano: voar. No Brasil os governos sempre relegaram aos pobres o ônibus e as péssimas estradas (a velha lógica do dê ao pobre o que ele merece) e agora quando surge a chance do primeiro voo, as classes abastadas e ricas do país impõem seu nojo aos desfavorecidos dizendo que estão infiltrando seu espaço.

Uma das coisas que mais me deixa irritado em um avião é quando uma comissária age com um tratamento diferenciado com alguém simplesmente pelo fato de aparentar ser humilde. Deve haver respeito com as pessoas em todos os lugares, independente de serem da classe C,D,Y ou Z. Enquanto neste país haver este tipo de apartheid social haverão textos infelizes como esse.

Se um dia me tornar piloto comercial tratarei da mesma maneira tanto o pobre (ou o povão) quanto o rico e acho que é assim que deve ser.

É o que penso a respeito.

Abraços

Concordo plenamente.
O problema da parte mais humilde da população é a falta de educação, porem este problema seria resolvido se o povo tivesse acesso a mesma.

Realmente por muitas vezes, o chamado povão, me incomodou e olha que não sou rico, mas não foi só dentro do avião, foi no onibus, no metrô, no trem, em vários lugares mas como falei tudo foi falta de educação e muitas vezes fui incomodado por falta de educação de pessoas ricas tambem.

Os ricos estão incomodados sim, pois o povão está conseguindo chegar a lugares aonde só os bacanas podiam ir.

Do altar da minha infinita ignorância eu não consigo ver diferenças entre ricos e pobres, ou pessoas com mais ou menos zeros na conta bancária seja na suiça ou na periferia de São Paulo.
Pobreza nesta minha pífia e ignorante visão não se trata de uma carência material que pode ser suprida com algumas cifras, pois não existem homens de pouco dinheiro ou homens ricos de muito dinheiro, mas sim homens pobres de grandeza espiritual.

Existem Josés da Silva morando em casas de 2 cômodos que nem conta bancária possuem, mas se tratam de pessoas corretas, que honram seus compromissos e que educam os filhos ensinando-os o valor da dignidade humana.
Por outro lado existem os Senhores Plínios Smith que moram em residências de 480m² e dirigem entre outros carros, uma Discovery 4 cheia de multas que sequer pagaram um dia, contumazes sonegadores de impostos, desleais com suas esposa e funcionários e sequer sabem por onde andam os filhos que acreditam serem educados pelos professores do tradicional colégio que custa R$2.500,00 / mês.

Estes e outros bilhares de exemplos de pessoas que somam milhões em bens e são pessoas pequenas e mesquinhas, onde também existirão pessoas sem posses e humildes, porém de infinita grandeza espiritual que deixarão aos seus filhos a melhor das heranças, a diguinidade humana, que abrange todos os preceitos necessários para se portar bem, quer seja em um avião cercado de homens endinheirados, quer seja no interior de um trem ou coletivo lotado.

Caramba em Braconi, que beleza de texto. Não sei se esse Joel Fagundes, autor do texto, compartilha do mesmo pensamento ou se ele está tratando sem hipocrisia o modo como uma boa parte da população enxerga essa situação dissertando sobre o assunto, mas sua ótima abordagem, merece um jóinha.

Texto preconceituoso.
A questão pode ser resolvida com a imposição de normas de conduta.
Como diz o ditado os incomodados que se mudem. Compre na primeira classe, troque para companhias mas caras ou faça fretamento de um táxi aéreo.

Thiago escreveu:Caramba em Braconi, que beleza de texto. Não sei se esse Joel Fagundes, autor do texto, compartilha do mesmo pensamento ou se ele está tratando sem hipocrisia o modo como uma boa parte da população enxerga essa situação dissertando sobre o assunto, mas sua ótima abordagem, merece um jóinha.

Acho que o autor tenha buscado satirizar a coisa

Eu imagino isto sendo gravado, seria muito engaçado assistir o cara derrubando farelos no notebook do cara, ou a tiazinha descalça no avião.



Na vida real é assim mesmo!

Claro que o autor satirizou a situação! E eu ri!

Oque acontece é que aqui no Brasil até alguns anos atras a aviação era vista apenas para quem tinha muito dinheiro, não era vista tanto como um meio de transporte em massa e sim em um meio de transporte de ricos.

Vejam o caso clássico dos EUA, é tão comum voar por lá, qualquer um voa!

E aqui, agora, que estamos entrando nesta "vibe".

Processo parecido ocorre com os cruzeiros....