Planejamento IFR fora de aerovia

Olá pessoal, tudo bem?

Estou com uma dúvida no planejamento de um vôo IFR fora de aerovia.

Suponha que se deseja realizar um vôo de Ituacu (SNYT) para Salvador (SBSV). Como Ituacu não opera IFR, iremos então fazer um plano Z.

Minha dúvida é a seguinte: A partir de que ponto eu poderia iniciar o trecho IFR? Logo após a decolagem rumando para SSA ou deveria seguir com proa de Salvador VFR até receber o sinal do VOR de SVD. Como eu preencheria isto no plano de vôo?

Se o vôo fosse ao contrário, de SBSV para SNYT, eu iniciaria um plano Y, em que ponto eu teria que cancelar o IFR e iniciar o VFR? Eu poderia ir IFR até a vertical de SNYT e de lá com referências visuais efetuar o pouso? como ficaria estas informações no plano de vôo.

Imagem da rota SNYT - SBSV




Valeu galera.
Obrigado.

Primeiramente você tem que saber em que classe de espaço aéreo estará efetuando o vôo.

Como irá começar em classe G será prestado serviço de informação de vôo e alerta, tendo o piloto que saber qual o nível mínino de segurança da área ou já ter voado a rota visual para prosseguir no vôo.

Você tem que ver a que momento adentrará a CTR (Espaço aéreo classe D, 15 milhas de raio com limite vertical do solo ao 035) TMA (Espaço aéreo classe D, 40 milhas de raio com limite vertical do 035 ao 145) ou CTA (Espaço aéreo classe A, 70 milhas de raio com limite vertical do 145 ao 245), dependendo do nível de vôo escolhido.

O padrão de uma terminal é ser um círculo, porém, se você for olhar direitinho, todas TMAS da região nordeste são ligadas uma com a outra direto tendo um formato diferente até as TMA Recife e Natal que são em um formato de duas gotas. Existem outras diferentes tambem mas fica pra uma próxima oportunidade.

Você deve preencher o plano de vôo dando uma coordenada geográfica ou um fixo de entrada no campo 18 RMK. Não tenho certeza que referências visuais também podem ser utilizadas, vou procurar saber e depois posto aqui.

Para você ter noção do seu estimado de ingresso em espaço aéreo controlado, calcula-se assim: pegue sua velocidade em KT que irá manter em cruzeiro e divida por 60 que lhe dará as milhas/minuto percorridas por você. Divida a distância a ser percorrida da decolagem até a entrada da área controlada pelo valor das milhas/minuto encontrado e você terá seu estimado de ingresso. Some este valor a hora real de decolagem. Esta hora você estará adentrando espaço aéreo controlado e deverá solicitar a mudança de seu plano de vôo ao controle.

Este dado é importantíssimo e muito solicitado caso você for voar em área de controle convencional (operação não radar). Como isto basicamente quase não existe mais no país e só é usado basicamente quando os radares saem para manutenção, fica mais como uma curiosidade!

E claro que durante o vôo você poderá checar todas estas distâncias pelo DME do VOR

Espero ter ajudado!

Você pode iniciar o IFR assim que você tiver condições de voar IFR. Ou seja, assim que você puder fazer a navegação baseada nos seus instrumentos, e não nas referências visuais. Nesse caso, você poderia iniciar o voo IFR quando atingir 195nm do VOR SVD na radial 270 (só um exemplo). Coloquei 195 porque é interessante que você saia do circuinto de tráfego e faça os procedimentos "after takeoff" antes de mudar de regra de voo, apenas para não deixar uma workload muito alta na cabine.

No plano você faria assim: DCT SVD270195/N230F100 IFR DCT SVD. Isso tá dizendo que você vai voar até a radial 270 de SVD a 195nm e daquele ponto inicia IFR com 230kt no nível 100 direto SVD.

Para sair de Salvador você pode cancelar o voo assim que julgar conveninete. Ou seja, pode cancelar apenas no momento de entrar no circuito de tráfego, ou pode cancelar na metade do caminho, ou apenas sobre o aeródromo. Nesse caso, vou cancelar a 15nm antes do aeródromo: DCT SVD270185/N230A015 VFR DCT. Então, você voará de Salvador até a radial 270 a 185nm, e nesse momento cancela o IFR e desce para 1500' sob regras de voo visual.

Acho que é isso. Qualquer dúvida pode perguntar.

Abraço

Lucas,

Agora imagine o seguinte, voando a FL080 de SBSV para SNYT, é praticamente impossível ficar com indicação do VOR de SVD depois de 100nm. Desta forma, presumo eu, que a partir do momento que eu perca indicação, passo automaticamente para VFR, caso esteja em VMC, caso contrário retorno, uma vez que não terei como prosseguir meu vôo instrumento sem indicação de nenhum auxílio a navegação.

É isto mesmo?

Obrigado pelas respostas.

LucasCechetto escreveu:Você pode iniciar o IFR assim que você tiver condições de voar IFR. Ou seja, assim que você puder fazer a navegação baseada nos seus instrumentos, e não nas referências visuais. Nesse caso, você poderia iniciar o voo IFR quando atingir 195nm do VOR SVD na radial 270 (só um exemplo). Coloquei 195 porque é interessante que você saia do circuinto de tráfego e faça os procedimentos "after takeoff" antes de mudar de regra de voo, apenas para não deixar uma workload muito alta na cabine.

No plano você faria assim: DCT SVD270195/N230F100 IFR DCT SVD. Isso tá dizendo que você vai voar até a radial 270 de SVD a 195nm e daquele ponto inicia IFR com 230kt no nível 100 direto SVD.

Para sair de Salvador você pode cancelar o voo assim que julgar conveninete. Ou seja, pode cancelar apenas no momento de entrar no circuito de tráfego, ou pode cancelar na metade do caminho, ou apenas sobre o aeródromo. Nesse caso, vou cancelar a 15nm antes do aeródromo: DCT SVD270185/N230A015 VFR DCT. Então, você voará de Salvador até a radial 270 a 185nm, e nesse momento cancela o IFR e desce para 1500' sob regras de voo visual.

Acho que é isso. Qualquer dúvida pode perguntar.

Abraço

Sim, juntando com minha resposta, assim que vc puder entrar em condições de vôo IFR, porém voará grande parte da rota em espaço aéreo classe G, ou seja, apenas informação de vôo e alerta. A partir do momento que adentrar uma TMA ou CTR terá seu vôo controlado e separado dos demais tráfegos de acordo com a classe do espaço aéreo que você estiver entrando.

A qualquer momento você poderá pedir o cancelamento de seu plano e continuar VFR, desde que seja possível que proceder VFR por um bom longo tempo da rota.

Ou caso não queira cancelar o plano, no início do procedimento instrumentos você pode solicitar ao controle condições de aproximação visual, que consiste em fazer o procedimento com referências visuais ao solo sem implicar no cancelamento do plano IFR. Nesta situação você não é obrigado a seguir o procedimento IFR em uso a risca, mas só pode realizar isto se o teto do momento for maior que a altitude de início de procedimento e você tenha referências visuais com o solo e o aeródromo de destino.

Caso você não tenha mais a indicação do VOR e esteja VMC prossegue VFR cancelando seu plano, caso entre em IMC, pode retornar ou pousar em um aerodromo de alternativa próximo, não esquecendo de ligar até 30 minutos após o pouso para o orgão de controle avisando o pouso para não acionarem o salvaero sem necessidade, o que implicaria em todos custos da operação serem pagos pelo piloto da aeronave!

Obrigado Julio e Lucas pelas respostas

Apenas efetuando uma pequena correção, não é apenas N230...


O correto é: DCT SVD270195/N0230F100 IFR DCT SVD