1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
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1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
ACONTECIMENTOS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL NA CAPITAL CEARENSE
Ninguém discute a importância de Natal no contexto da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. A existência do intenso tráfego aéreo de aviões de transporte e de bombardeiros aliados, entre a capital potiguar e as bases aéreas na ilha de Ascenção, no meio do Oceano Atlântico, e principalmente nas cidades de Dacar e Acra, na África, foi um fator de grande importância para a vitória aliada neste conflito. Não se pode esquecer que de Natal partiam aeronaves que patrulhavam a costa brasileira e que foram destruídos alguns submarinos.
Mas não foi apenas Natal que participou deste esforço. Várias outras capitais e cidades brasileiras, mesmo limitadamente, também possuíam bases aéreas e “entraram na guerra”. Fortaleza, capital do estado do Ceará, foi uma delas.
As Primeiras Bases Aéreas
Nesta cidade o primeiro campo de pouso foi o do Alto da Balança, que se transformou em um ponto de apoio dos aviões do mítico Correio Aéreo Nacional (CAN). O local era mantido por uma unidade do Exército Brasileiro desde 21 de setembro de 1936 e servia igualmente de apoio as empresas aéreas estrangeiras e brasileiras. Na história do Campo do Alto da Balança, assim como no Campo de Parnamirim em Natal, foi ponto de parada de vários aviadores estrangeiros que realizaram os chamados “raids” aéreos. Um destes foi a famosa aviadora estadunidense Amelia Mary Earhart, que pousou na capital alencarina no dia 4 de junho de 1937.
E os Americanos Chegaram
Segundo Augusto Oliveira e Ivonildo Lavor, autores do livro “A história da aviação no Ceará”, quando os norte americanos estavam implantando suas bases no Nordeste do Brasil, antes mesmo da declaração de guerra brasileira contra a Alemanha e a Itália, estes decidiram que em Fortaleza a base aérea local seria construída no antigo “Sítio Pecy”, que passou a ser conhecido como Pici Field (Campo do Pici) e sua construção teve início ainda em julho de 1941.
Quando a pista ainda estava em sua fase final de construção, ela foi prematuramente inaugurada quando um bombardeiro B-17 pousou por se encontrar perdida em relação a sua rota original. Segundo os dois autores de “A história da aviação no Ceará”, o sobrevoou deste grande quadrimotor causou certo pânico em Fortaleza.
Ainda segundo Augusto Oliveira e Ivonildo Lavor, com o crescimento do tráfego aéreo para Natal, além do fato da pista do Pici ter sido concluída com um tamanho limitado, fez com que o comando da USAAF na região resolvesse construir uma segunda pista em Fortaleza. O Campo do Pici ficou então sob a responsabilidade da U.S. Navy (Marinha dos Estados Unidos) e ao novo local foi dada a denominação de Adejacento Field (Campo Adjacente), por está próximo ao Campo do Pici.
Com uma denominação esdrúxula como essa, aparentemente pautada na falta de criatividade, os cearenses da capital passaram logo a chamar o lugar de “Base do Cocorote”.
Inaugurado em 10 de dezembro de 1943, Adjacento Field serviu a praticamente um grande propósito; durante cinco meses, até 14 de maio de 1944, com o intuito de desafogar o tráfego aéreo em Parnamirim Field, o local foi o ponto de partida de grandes quadrimotores, a maioria deles pertencentes a 15ª Força Aérea da USAFF, que tinham bases no sul da Itália e seguiam sem escalas diretamente para Dacar.
O destacamento americano que operava a base era conhecido como 1155th AAFBU Army Air Force Base Unit – Fortaleza, que era parte do South Atlantic Division (Divisão do Atlântico Sul), todos subordinados ao ATC – Air Transport Command (Comando de Transporte Aéreo).
Fortaleza antes da Segunda Guerra Mundial. Fonte – Livro “Ah Fortaleza!”, Gilmar Chaves, Patrícia Veloso, Peregrina Capelo, organizadores. Fortaleza: Terra da luz Editoria, 2006, pág. 49.
Durante este período a utilização de Adjacento Field foi muito intensa, onde foram realizadas 1.778 travessias. A partir de 15 de maio de 1944 esta base deixou de realizar este tipo de operação, passando a receber apenas aviões de linha ou alguma aeronave que apresentava alguma emergência.
Aproveitando a Terra do Sol
Mas apesar desta aparente utilização limitada, entre 1942 e 1945, sempre havia militares norte americanos na cidade de Fortaleza. Existia até mesmo uma sede local da USO.
A sede da USO em Fortaleza, o conhecido “Estoril” dea Praia de Iracema. Fonte – Livro “Ah Fortaleza!”, Gilmar Chaves, Patrícia Veloso, Peregrina Capelo, organizadores. Fortaleza: Terra da luz Editoria, 2006, pág. 62.
A USO (United States Organization) foi fundada em 1941, sendo uma organização privada, criada em resposta a um pedido direto do então presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt. Ele desejava que pessoas e organizações diversas se unissem sob uma única sigla para fornecer serviços recreativos que ajudassem na elevação do moral das tropas americanas nas áreas de conflito durante a Segunda Guerra Mundial. A USO teve uma atuação muito intensa neste período e com enorme sucesso.
Na capital alencarina a sua sede era em uma suntuosa residência a beira-mar da Praia de Iracema. A antiga Praia dos Peixes era então um local ainda pouco utilizado pela população local, onde existiam apenas algumas casas de veraneio. A residência utilizada pelos americanos, um verdadeiro palacete, havia sido construída em 1920 pelo rico coronel pernambucano José Magalhães Porto, que morava na cidade e a denominou inicialmente de “Vila Morena” .
Amigos que tenho em Fortaleza me comentaram que as informações dos seus avós e pais, que viveram aqueles dias da presença norte americana na cidade, era que estes militares estrangeiros achavam a sede da USO um lugar agradável, com uma brisa convidativa, onde dava para tomar um ótimo banho de mar, em uma água deliciosamente quente, sob um sol escaldante. Para depois apreciar uma deliciosa e diferente água de coco.
Militares americanos em momento de descontração
Além de aproveitarem a natureza praiana, os militares dos Estados Unidos aproveitavam outras coisas boas do Ceará. Eles mantinham relações cordiais com as moças da cidade. Estas eram de famílias tradicionais, normalmente muito bonitas, elegantes, educadas e que não estavam nem aí para as críticas da sociedade local. Logo estas jovens foram apelidadas pejorativamente de “Coca-Colas”. Comenta-se que a denominação depreciativa surgiu por elas terem o privilégio de tomar o famoso refrigerante americano que, na ocasião, somente era visto nas telas do cinema. Provavelmente elas bebiam Coca-Cola da fábrica da “The Coca-Cola Company” em Natal.
Um dos vários B-24 que passaram por Fortaleza. Esta é a B24H, nº 41-28750, batizada como "The Thunder Mug", pertencente a Esquadrilha 789, do 467 Grupo de Bombardeiro, comandada pelo Tenente Charles Kagy, em rota transatlântica pela América do Sul. Ao fundo a torre de controle da base de Adjacento Field Fonte - http://moraisvinna.blogspot.com
Não podemos esquecer que em Natal havia situação semelhante. Os norte americanos promoviam festas na base de Parnamirim Field, as famosas festas “For All” (Para todos) e faziam questão de ter, com toda fidalguia e respeito, a presença das moças potiguares nos eventos. Devido a distância da base e o centro de Natal, elegantemente os promotores das festas disponibilizavam gratuitamente um ônibus para buscar as jovens na cidade. De maneira prá lá de depreciativa, os marmanjos locais passaram a denominar este ônibus como “marmita”, pois transportava “a comida dos americanos”.
Memórias
Apesar deste clima positivo, a passagem de aviões pela região Nordeste do Brasil em direção a África, não era isenta de problemas. Não se pode esquecer que atravessar o Oceano Atlântico era bem mais arriscado do que agora, a aviação ainda não tinha os modernos recursos e se vivia uma guerra.
Em arquivos localizados nos Estados Unidos estão guardados microfilmes com inúmeros relatórios da antiga Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (United States Army Air Force – USAAF).
Entre estes documentos estão os denominados MACR, que é uma sigla para Missing Air Crew Report (Informe de Tripulação Aérea Desaparecida), onde era detalhado os acidentes de aeronaves norte americanas em todas as partes do mundo durante este conflito. Abrangiam casos que iam desde a derrubada de uma aeronave em território inimigo, ou como era mais comum no caso das aeronaves que passavam pelo Brasil, o desaparecimento na selva, ou no mar. Eram preenchidos dois dias depois que uma aeronave não retornava de uma missão.
A mítica B-24
Existem três informes inéditos de acidentes com aviões B-24, que tem Fortaleza como ponto de partida ou de chegada.
Fabricado pela empresa Consolidated Aircraft, a mítica B-24, conhecida como “Liberator”, era um bombardeiro estratégico, quadrimotor, armado com dez metralhadoras de defesa calibre 12,7 m.m., modelo Browning M2. Tinha peso total de 29.500 kg, podia levar quase seis toneladas de bombas de alto poder explosivo, a uma velocidade máxima de 470 km/h, a uma altitude máxima de 8.500 metros, com um alcance de 6.000 quilômetros. Para levar este monstro alado para a luta sua tripulação normalmente era composta de 10 militares. Este foi o modelo de avião mais visto em Fortaleza durante o pico do movimento de aeronaves em direção a África.
Grupo de bombardeiros B-24 antes da decolagem no Pacífico
Os Problemas Com as B-24
O primeiro deles ocorreu no dia 22 de janeiro de 1944, quando o B-24 registrado com o numeral 42-100307, comandado pelo segundo tenente Henry A. Daum, por volta de uma hora da tarde, em meio a muita chuva, se chocou com uma montanha a “25 miles” (25 milhas) a sudoeste de Fortaleza. Todos os seis ocupantes da aeronave faleceram.
Detalhe do documento informativo da queda B-24 nº 42-100307, comandado pelo segundo tenente Henry A. Daum em choque contra uma montanha no Ceará - Fonte – National Archivies, Washington, D. C., Estados Unidos.
Limitado de informações e pouco detalhista, o relatório da destruição da B-24 do segundo tenente Henry mostra que provavelmente o sinistro ocorreu nas serras existentes entre as cidades de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, facilmente visíveis para quem se desloca de carro pela BR-222, em direção a bela cidade de Sobral.
O segundo sinistro ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 1944, quando o B-24H, de numeral 41-29293, pertencente a Esquadrilha 758, do 459 Grupo de Bombardeiros, sob o comandado do segundo tenente Daniel B. MacMillin, natural da cidade de Stephenville, no estado do Texas, partiu em direção a Dacar, capital do atual Senegal.
Detalhe do relatório sobre o desaparecimento da B-24H, nº 41-29293 - Fonte – National Archivies, Washington, D. C., Estados Unidos.
Naquela época, segundo a documentação, cada avião que decolava de Fortaleza era obrigado a enviar uma mensagem em código, em períodos de tempo pré-determinado, para que soubessem que estavam voando e qual era a sua posição. Nas três primeiras horas a mensagem chegou, depois nada mais. O B-24 e seus dez tripulantes desapareceram. Os documentos apontam que durante dez dias foram realizadas missões de busca visual, mas nunca mais se soube o que ocorreu com esta aeronave, com o tenente Daum e sua tripulação.
Grupo de B-24 sobre o mar. Fonte Arquivo Revista Life
Mas o caso melhor documentado foi a queda de um bombardeiro B-24 em Fortaleza.
A Tragédia da B-24 do Tenente Brock
Por volta da meia noite e cinquenta do dia 28 de fevereiro de 1944, a B-24H, numeral 42-52645, comandado pelo segundo tenente Willian M. Brock Jr., decolou em direção a Dacar, mas devido a problemas em um dos motores, fez uma volta para aterrissar e caiu.
Parte do relatório do major Ernest E. Dryer, classificado como "SECRETO" - Fonte – National Archivies, Washington, D. C., Estados Unidos.
O oficial de operações de Adjacento Field, major Ernest E. Dryer elaborou um relato sucinto sobre o trágico fato. O major foi chamado pouco depois da uma da manhã, onde foi informado pelo oficial de dia da 1155th AAFBU que havia um incêndio de grandes proporções a sudoeste do Campo Adjacento e que um “native” tinha dito que um avião havia caído.
Para o major o fogo parecia estar muito grande para ser apenas em uma habitação de algum morador local, e que um dos aviões da base (provavelmente um modelo menor) decolou para sobrevoar o local. Mas o incêndio atingia uma área tão grande, que o oficial de operações e um grupo de homens nem esperaram o retorno deste avião e saíram em viaturas para investigar.
Bombardeiros B-24 da 15th Air Force, atacando a refinaria de Ploesti, na Romênia. A B-24 comandado pelo segundo tenente Willian M. Brock Jr.. não chegou a combater
Ao chegar ao local do incêndio, o major Dryer verificou que realmente era um avião, modelo B-24, com a numeração 42-52645. No local já se encontravam viaturas e membros do departamento de bombeiros da cidade de Fortaleza para manter o fogo sob controle.
O oficial de operações assumiu o comando e enviou um mensageiro de volta à base para informar ao oficial médico que enviasse ambulâncias, a polícia militar e que fosse iniciado o trabalho de relatar os detalhes do acidente imediatamente. Logo descobriram que todos os dez tripulantes pereceram.
Peças de avião, corpos despedaçados e pertences pessoais foram espalhados por uma distância de 1000 pés (300 metros). O corpo de um dos membros da tripulação estava pendurado em uma árvore. Guardas norte americanos foram colocados guarnecendo os destroços e aguardando até que o oficial médico da base assumisse o trabalho de perícia.
Verificado o número do avião com o registro de partida, foi descoberto que aquele B-24 foi o último a sair da base naquela noite e caiu três minutos após a decolagem.
B-24 em chamas
O avião estava tão danificado que uma verificação dos controles não foi possível.
Notou-se que a asa direita tinha batido em uma árvore e quebrou. Por esta razão o caminho que o avião fazia rente ao solo tinha mudado aproximadamente 90 graus para a direita. Em seguida bateu no chão, foi se arrastando em linha reta por cerca de 1000 pés e se desintegrando ao longo do caminho.
Finalmente o B-24 atingiu uma árvore, parou em uma vala e explodiu, jogando detritos em uma larga área. Na queda a aeronave destruiu um barraco vazio e um tanque de óleo foi jogado através do telhado de outro casebre, mas ninguém em terra morreu.
Destaque do depoimento da brasileira Laura sobre a queda da B-24
A documentação trás destacadamente, como principal testemunha, a brasileira Laura Ramos Barreto. Esta é apontada pelos americanos como “Native woman” (Mulher nativa) e informa que morava a cerca de um quilômetro e meio da base, no que hoje provavelmente é o bairro de Montese.
No seu relato prestado nas dependências da 1155th AAFBU, Laura afirmou que sempre a noite escutava os aviões decolando de Adjacento Field e que nesta ocasião ouviu uma aeronave cujos motores pararam repentinamente sobre sua residência. Ela estranho e, ao procurar olhar o avião da janela de sua casa, Laura presenciou três explosões no solo, seguido do forte incêndio.
Um acidente inusitado de uma B-24
Para o major Ernest E. Dryer, o exame das hélices mostrou que pelo menos três dos motores tinha capacidade operativa, mas que não pôde ser dada uma opinião conclusiva em relação ao quarto, devido à extensão dos danos.
As investigações apontaram que a causa do acidente foi uma falha em um dos motores, certamente o que estava mais destruído, imediatamente após a decolagem. Provavelmente o piloto retraiu os flaps em uma altitude muito baixa, fazendo assim com que o B-24 voasse muito próximo ao solo, batendo em uma árvore, rasgando a asa direita do avião e provocando a explosão.
Os corpos foram enterrados em Fortaleza e transladados pra os Estados Unidos ao final do conflito.
Faziam parte da tripulação da B-24H, numeral 42-52645 os seguintes militares;
Segundo tenente William M. Brock Jr., piloto
Segundo tenente Robert D. Wear, co-piloto
Segundo tenente James H. Beatty, navegador
Segundo tenente Willian D. Davies, bombardeiro
Sargento Kelley L. Epley, engenheiro de voo
Sargento Homer E. Hill, operador de rádio
Sargento Willian C. Ship, atirador de metralhadora
Sargento Thomas M. Bassett, atirador de metralhadora
Sargento Leo P. Desjardins, atirador de metralhadora
Sargento Jack Z. Roby, atirador de metralhadora
Como a participação das bases aéreas em território brasileiro não se restringiu apenas a Natal, estes relatos mostram que certamente existem muitas histórias para serem contadas.
P.S. – GOSTARIA DE AGRADECER A COLABORAÇÃO DO PESQUISADOR CEARENSE ÂNGELO OSMIRO PELO APOIO NESTE TRABALHO
Rostand Medeiros
Fonte: Tok de história
Ninguém discute a importância de Natal no contexto da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. A existência do intenso tráfego aéreo de aviões de transporte e de bombardeiros aliados, entre a capital potiguar e as bases aéreas na ilha de Ascenção, no meio do Oceano Atlântico, e principalmente nas cidades de Dacar e Acra, na África, foi um fator de grande importância para a vitória aliada neste conflito. Não se pode esquecer que de Natal partiam aeronaves que patrulhavam a costa brasileira e que foram destruídos alguns submarinos.
Mas não foi apenas Natal que participou deste esforço. Várias outras capitais e cidades brasileiras, mesmo limitadamente, também possuíam bases aéreas e “entraram na guerra”. Fortaleza, capital do estado do Ceará, foi uma delas.
A cidade de Fortaleza em 1937.
As Primeiras Bases Aéreas
Nesta cidade o primeiro campo de pouso foi o do Alto da Balança, que se transformou em um ponto de apoio dos aviões do mítico Correio Aéreo Nacional (CAN). O local era mantido por uma unidade do Exército Brasileiro desde 21 de setembro de 1936 e servia igualmente de apoio as empresas aéreas estrangeiras e brasileiras. Na história do Campo do Alto da Balança, assim como no Campo de Parnamirim em Natal, foi ponto de parada de vários aviadores estrangeiros que realizaram os chamados “raids” aéreos. Um destes foi a famosa aviadora estadunidense Amelia Mary Earhart, que pousou na capital alencarina no dia 4 de junho de 1937.
E os Americanos Chegaram
Segundo Augusto Oliveira e Ivonildo Lavor, autores do livro “A história da aviação no Ceará”, quando os norte americanos estavam implantando suas bases no Nordeste do Brasil, antes mesmo da declaração de guerra brasileira contra a Alemanha e a Itália, estes decidiram que em Fortaleza a base aérea local seria construída no antigo “Sítio Pecy”, que passou a ser conhecido como Pici Field (Campo do Pici) e sua construção teve início ainda em julho de 1941.
Quando a pista ainda estava em sua fase final de construção, ela foi prematuramente inaugurada quando um bombardeiro B-17 pousou por se encontrar perdida em relação a sua rota original. Segundo os dois autores de “A história da aviação no Ceará”, o sobrevoou deste grande quadrimotor causou certo pânico em Fortaleza.
Ainda segundo Augusto Oliveira e Ivonildo Lavor, com o crescimento do tráfego aéreo para Natal, além do fato da pista do Pici ter sido concluída com um tamanho limitado, fez com que o comando da USAAF na região resolvesse construir uma segunda pista em Fortaleza. O Campo do Pici ficou então sob a responsabilidade da U.S. Navy (Marinha dos Estados Unidos) e ao novo local foi dada a denominação de Adejacento Field (Campo Adjacente), por está próximo ao Campo do Pici.
Armamento sendo transportado para aviões Lockheed PV-1 Ventura da U. S. Navy, em Pici Field
Com uma denominação esdrúxula como essa, aparentemente pautada na falta de criatividade, os cearenses da capital passaram logo a chamar o lugar de “Base do Cocorote”.
Inaugurado em 10 de dezembro de 1943, Adjacento Field serviu a praticamente um grande propósito; durante cinco meses, até 14 de maio de 1944, com o intuito de desafogar o tráfego aéreo em Parnamirim Field, o local foi o ponto de partida de grandes quadrimotores, a maioria deles pertencentes a 15ª Força Aérea da USAFF, que tinham bases no sul da Itália e seguiam sem escalas diretamente para Dacar.
O destacamento americano que operava a base era conhecido como 1155th AAFBU Army Air Force Base Unit – Fortaleza, que era parte do South Atlantic Division (Divisão do Atlântico Sul), todos subordinados ao ATC – Air Transport Command (Comando de Transporte Aéreo).
Fortaleza antes da Segunda Guerra Mundial. Fonte – Livro “Ah Fortaleza!”, Gilmar Chaves, Patrícia Veloso, Peregrina Capelo, organizadores. Fortaleza: Terra da luz Editoria, 2006, pág. 49.
Durante este período a utilização de Adjacento Field foi muito intensa, onde foram realizadas 1.778 travessias. A partir de 15 de maio de 1944 esta base deixou de realizar este tipo de operação, passando a receber apenas aviões de linha ou alguma aeronave que apresentava alguma emergência.
Aproveitando a Terra do Sol
Mas apesar desta aparente utilização limitada, entre 1942 e 1945, sempre havia militares norte americanos na cidade de Fortaleza. Existia até mesmo uma sede local da USO.
A sede da USO em Fortaleza, o conhecido “Estoril” dea Praia de Iracema. Fonte – Livro “Ah Fortaleza!”, Gilmar Chaves, Patrícia Veloso, Peregrina Capelo, organizadores. Fortaleza: Terra da luz Editoria, 2006, pág. 62.
A USO (United States Organization) foi fundada em 1941, sendo uma organização privada, criada em resposta a um pedido direto do então presidente dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt. Ele desejava que pessoas e organizações diversas se unissem sob uma única sigla para fornecer serviços recreativos que ajudassem na elevação do moral das tropas americanas nas áreas de conflito durante a Segunda Guerra Mundial. A USO teve uma atuação muito intensa neste período e com enorme sucesso.
Na capital alencarina a sua sede era em uma suntuosa residência a beira-mar da Praia de Iracema. A antiga Praia dos Peixes era então um local ainda pouco utilizado pela população local, onde existiam apenas algumas casas de veraneio. A residência utilizada pelos americanos, um verdadeiro palacete, havia sido construída em 1920 pelo rico coronel pernambucano José Magalhães Porto, que morava na cidade e a denominou inicialmente de “Vila Morena” .
Amigos que tenho em Fortaleza me comentaram que as informações dos seus avós e pais, que viveram aqueles dias da presença norte americana na cidade, era que estes militares estrangeiros achavam a sede da USO um lugar agradável, com uma brisa convidativa, onde dava para tomar um ótimo banho de mar, em uma água deliciosamente quente, sob um sol escaldante. Para depois apreciar uma deliciosa e diferente água de coco.
Militares americanos em momento de descontração
Além de aproveitarem a natureza praiana, os militares dos Estados Unidos aproveitavam outras coisas boas do Ceará. Eles mantinham relações cordiais com as moças da cidade. Estas eram de famílias tradicionais, normalmente muito bonitas, elegantes, educadas e que não estavam nem aí para as críticas da sociedade local. Logo estas jovens foram apelidadas pejorativamente de “Coca-Colas”. Comenta-se que a denominação depreciativa surgiu por elas terem o privilégio de tomar o famoso refrigerante americano que, na ocasião, somente era visto nas telas do cinema. Provavelmente elas bebiam Coca-Cola da fábrica da “The Coca-Cola Company” em Natal.
Um dos vários B-24 que passaram por Fortaleza. Esta é a B24H, nº 41-28750, batizada como "The Thunder Mug", pertencente a Esquadrilha 789, do 467 Grupo de Bombardeiro, comandada pelo Tenente Charles Kagy, em rota transatlântica pela América do Sul. Ao fundo a torre de controle da base de Adjacento Field Fonte - http://moraisvinna.blogspot.com
Não podemos esquecer que em Natal havia situação semelhante. Os norte americanos promoviam festas na base de Parnamirim Field, as famosas festas “For All” (Para todos) e faziam questão de ter, com toda fidalguia e respeito, a presença das moças potiguares nos eventos. Devido a distância da base e o centro de Natal, elegantemente os promotores das festas disponibilizavam gratuitamente um ônibus para buscar as jovens na cidade. De maneira prá lá de depreciativa, os marmanjos locais passaram a denominar este ônibus como “marmita”, pois transportava “a comida dos americanos”.
Memórias
Apesar deste clima positivo, a passagem de aviões pela região Nordeste do Brasil em direção a África, não era isenta de problemas. Não se pode esquecer que atravessar o Oceano Atlântico era bem mais arriscado do que agora, a aviação ainda não tinha os modernos recursos e se vivia uma guerra.
Em arquivos localizados nos Estados Unidos estão guardados microfilmes com inúmeros relatórios da antiga Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (United States Army Air Force – USAAF).
Entre estes documentos estão os denominados MACR, que é uma sigla para Missing Air Crew Report (Informe de Tripulação Aérea Desaparecida), onde era detalhado os acidentes de aeronaves norte americanas em todas as partes do mundo durante este conflito. Abrangiam casos que iam desde a derrubada de uma aeronave em território inimigo, ou como era mais comum no caso das aeronaves que passavam pelo Brasil, o desaparecimento na selva, ou no mar. Eram preenchidos dois dias depois que uma aeronave não retornava de uma missão.
A mítica B-24
Existem três informes inéditos de acidentes com aviões B-24, que tem Fortaleza como ponto de partida ou de chegada.
Fabricado pela empresa Consolidated Aircraft, a mítica B-24, conhecida como “Liberator”, era um bombardeiro estratégico, quadrimotor, armado com dez metralhadoras de defesa calibre 12,7 m.m., modelo Browning M2. Tinha peso total de 29.500 kg, podia levar quase seis toneladas de bombas de alto poder explosivo, a uma velocidade máxima de 470 km/h, a uma altitude máxima de 8.500 metros, com um alcance de 6.000 quilômetros. Para levar este monstro alado para a luta sua tripulação normalmente era composta de 10 militares. Este foi o modelo de avião mais visto em Fortaleza durante o pico do movimento de aeronaves em direção a África.
Grupo de bombardeiros B-24 antes da decolagem no Pacífico
Os Problemas Com as B-24
O primeiro deles ocorreu no dia 22 de janeiro de 1944, quando o B-24 registrado com o numeral 42-100307, comandado pelo segundo tenente Henry A. Daum, por volta de uma hora da tarde, em meio a muita chuva, se chocou com uma montanha a “25 miles” (25 milhas) a sudoeste de Fortaleza. Todos os seis ocupantes da aeronave faleceram.
Detalhe do documento informativo da queda B-24 nº 42-100307, comandado pelo segundo tenente Henry A. Daum em choque contra uma montanha no Ceará - Fonte – National Archivies, Washington, D. C., Estados Unidos.
Limitado de informações e pouco detalhista, o relatório da destruição da B-24 do segundo tenente Henry mostra que provavelmente o sinistro ocorreu nas serras existentes entre as cidades de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, facilmente visíveis para quem se desloca de carro pela BR-222, em direção a bela cidade de Sobral.
O segundo sinistro ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 1944, quando o B-24H, de numeral 41-29293, pertencente a Esquadrilha 758, do 459 Grupo de Bombardeiros, sob o comandado do segundo tenente Daniel B. MacMillin, natural da cidade de Stephenville, no estado do Texas, partiu em direção a Dacar, capital do atual Senegal.
Detalhe do relatório sobre o desaparecimento da B-24H, nº 41-29293 - Fonte – National Archivies, Washington, D. C., Estados Unidos.
Naquela época, segundo a documentação, cada avião que decolava de Fortaleza era obrigado a enviar uma mensagem em código, em períodos de tempo pré-determinado, para que soubessem que estavam voando e qual era a sua posição. Nas três primeiras horas a mensagem chegou, depois nada mais. O B-24 e seus dez tripulantes desapareceram. Os documentos apontam que durante dez dias foram realizadas missões de busca visual, mas nunca mais se soube o que ocorreu com esta aeronave, com o tenente Daum e sua tripulação.
Grupo de B-24 sobre o mar. Fonte Arquivo Revista Life
Mas o caso melhor documentado foi a queda de um bombardeiro B-24 em Fortaleza.
A Tragédia da B-24 do Tenente Brock
Por volta da meia noite e cinquenta do dia 28 de fevereiro de 1944, a B-24H, numeral 42-52645, comandado pelo segundo tenente Willian M. Brock Jr., decolou em direção a Dacar, mas devido a problemas em um dos motores, fez uma volta para aterrissar e caiu.
Parte do relatório do major Ernest E. Dryer, classificado como "SECRETO" - Fonte – National Archivies, Washington, D. C., Estados Unidos.
O oficial de operações de Adjacento Field, major Ernest E. Dryer elaborou um relato sucinto sobre o trágico fato. O major foi chamado pouco depois da uma da manhã, onde foi informado pelo oficial de dia da 1155th AAFBU que havia um incêndio de grandes proporções a sudoeste do Campo Adjacento e que um “native” tinha dito que um avião havia caído.
Para o major o fogo parecia estar muito grande para ser apenas em uma habitação de algum morador local, e que um dos aviões da base (provavelmente um modelo menor) decolou para sobrevoar o local. Mas o incêndio atingia uma área tão grande, que o oficial de operações e um grupo de homens nem esperaram o retorno deste avião e saíram em viaturas para investigar.
Bombardeiros B-24 da 15th Air Force, atacando a refinaria de Ploesti, na Romênia. A B-24 comandado pelo segundo tenente Willian M. Brock Jr.. não chegou a combater
Ao chegar ao local do incêndio, o major Dryer verificou que realmente era um avião, modelo B-24, com a numeração 42-52645. No local já se encontravam viaturas e membros do departamento de bombeiros da cidade de Fortaleza para manter o fogo sob controle.
O oficial de operações assumiu o comando e enviou um mensageiro de volta à base para informar ao oficial médico que enviasse ambulâncias, a polícia militar e que fosse iniciado o trabalho de relatar os detalhes do acidente imediatamente. Logo descobriram que todos os dez tripulantes pereceram.
Peças de avião, corpos despedaçados e pertences pessoais foram espalhados por uma distância de 1000 pés (300 metros). O corpo de um dos membros da tripulação estava pendurado em uma árvore. Guardas norte americanos foram colocados guarnecendo os destroços e aguardando até que o oficial médico da base assumisse o trabalho de perícia.
Verificado o número do avião com o registro de partida, foi descoberto que aquele B-24 foi o último a sair da base naquela noite e caiu três minutos após a decolagem.
B-24 em chamas
O avião estava tão danificado que uma verificação dos controles não foi possível.
Notou-se que a asa direita tinha batido em uma árvore e quebrou. Por esta razão o caminho que o avião fazia rente ao solo tinha mudado aproximadamente 90 graus para a direita. Em seguida bateu no chão, foi se arrastando em linha reta por cerca de 1000 pés e se desintegrando ao longo do caminho.
Finalmente o B-24 atingiu uma árvore, parou em uma vala e explodiu, jogando detritos em uma larga área. Na queda a aeronave destruiu um barraco vazio e um tanque de óleo foi jogado através do telhado de outro casebre, mas ninguém em terra morreu.
Destaque do depoimento da brasileira Laura sobre a queda da B-24
A documentação trás destacadamente, como principal testemunha, a brasileira Laura Ramos Barreto. Esta é apontada pelos americanos como “Native woman” (Mulher nativa) e informa que morava a cerca de um quilômetro e meio da base, no que hoje provavelmente é o bairro de Montese.
No seu relato prestado nas dependências da 1155th AAFBU, Laura afirmou que sempre a noite escutava os aviões decolando de Adjacento Field e que nesta ocasião ouviu uma aeronave cujos motores pararam repentinamente sobre sua residência. Ela estranho e, ao procurar olhar o avião da janela de sua casa, Laura presenciou três explosões no solo, seguido do forte incêndio.
Um acidente inusitado de uma B-24
Para o major Ernest E. Dryer, o exame das hélices mostrou que pelo menos três dos motores tinha capacidade operativa, mas que não pôde ser dada uma opinião conclusiva em relação ao quarto, devido à extensão dos danos.
As investigações apontaram que a causa do acidente foi uma falha em um dos motores, certamente o que estava mais destruído, imediatamente após a decolagem. Provavelmente o piloto retraiu os flaps em uma altitude muito baixa, fazendo assim com que o B-24 voasse muito próximo ao solo, batendo em uma árvore, rasgando a asa direita do avião e provocando a explosão.
Os corpos foram enterrados em Fortaleza e transladados pra os Estados Unidos ao final do conflito.
Faziam parte da tripulação da B-24H, numeral 42-52645 os seguintes militares;
Segundo tenente William M. Brock Jr., piloto
Segundo tenente Robert D. Wear, co-piloto
Segundo tenente James H. Beatty, navegador
Segundo tenente Willian D. Davies, bombardeiro
Sargento Kelley L. Epley, engenheiro de voo
Sargento Homer E. Hill, operador de rádio
Sargento Willian C. Ship, atirador de metralhadora
Sargento Thomas M. Bassett, atirador de metralhadora
Sargento Leo P. Desjardins, atirador de metralhadora
Sargento Jack Z. Roby, atirador de metralhadora
Como a participação das bases aéreas em território brasileiro não se restringiu apenas a Natal, estes relatos mostram que certamente existem muitas histórias para serem contadas.
P.S. – GOSTARIA DE AGRADECER A COLABORAÇÃO DO PESQUISADOR CEARENSE ÂNGELO OSMIRO PELO APOIO NESTE TRABALHO
Rostand Medeiros
Fonte: Tok de história
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Muito bem Fontenele, não conhecia essa parte da historia, obrigado, , abraços
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Excelente tópico, muito bem montado.
Sou um leitor fanático pelos relatos dos ocorridos na 2ª WW.
Mais um ponto na reputação Fontenele.
Obs.: As legendas das duas ultimas imagens estão trocadas.
Sou um leitor fanático pelos relatos dos ocorridos na 2ª WW.
Mais um ponto na reputação Fontenele.
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Excelente tópico, Fontenele
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Show de bola esse tópico, Fontenele.
Muita novidade para mim aí e gostei de ver as fotos antigas de Fortaleza também.
Muita novidade para mim aí e gostei de ver as fotos antigas de Fortaleza também.
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Artur Santos
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Obrigado a todos!
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Belo Tópico, conhecimento nunca é demais!!!
Fontenele mais +
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Obrigado
Amigo Fontenele,
Muito obrigado pela publicação do nosso artigo.
Aqui no Voo Virtual o material ficou com uma visualização muito melhor que em outros locais.
Mais uma vez obrigado.
Rostand Medeiros
Muito obrigado pela publicação do nosso artigo.
Aqui no Voo Virtual o material ficou com uma visualização muito melhor que em outros locais.
Mais uma vez obrigado.
Rostand Medeiros
Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Seja bem vindo Rostand, parabens pelo excelente trabalho, abraços
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Ronstand, um prazer imenso tê-lo aqui presente no fórum do Voo Virtual. Parabéns pelo artigo e pelo seu site e vai ganhar um ponto positivo de reputação merecido, acredito que o seu primeiro aqui no fórum
Abraços
Fontenele
Abraços
Fontenele
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Mais uma vez obrigado Fontenele e o amigo Inventor.
Realmente estou recebendo meu primeiro ponto positivo.
Achei muito positivo o fórum, é bem gerenciado, de fácil utilização, muitas participações dos membros de maneira extremamente positiva, ótimo material de qualidade apresentado.
Eu não conhecia o fórum, mas foi uma ótima surpresa.
Mais uma vez obrigado
Rostand
Realmente estou recebendo meu primeiro ponto positivo.
Achei muito positivo o fórum, é bem gerenciado, de fácil utilização, muitas participações dos membros de maneira extremamente positiva, ótimo material de qualidade apresentado.
Eu não conhecia o fórum, mas foi uma ótima surpresa.
Mais uma vez obrigado
Rostand
Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Seja Rostand, pelo visto com muita história para nos contar!!!
Merece mais um
Merece mais um
Amilckar- Colaborador - Notícias de aviação
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Seja bem-vindo, Rostand, e parabéns pelo excelente trabalho.
Mais um pontinho meu.
Abraços.
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Abraços.
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Artur Santos
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Rostand, se me permite matar a curiosidade, como ficou sabendo do Fórum?
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Fontenele escreveu:Rostand, se me permite matar a curiosidade, como ficou sabendo do Fórum?
Com certeza através dos cliques que o pessoal deu no link do blog dele que você colocou no post inicial. Deve ter Google Analytics ou outro do género, que mostra de onde vêm os visitantes.
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Artur Santos
Voo Virtual
Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Seja Bem vindo Rostand e parabéns pelo excelente site.
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Paulo Ricardo
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
O Alvega está correto.
Confesso que fiquei surpreso com o que encontrei.
Obrigado amigos pela receptividade tão positiva e tranquila. É uma coisa difícil de se encontrar em outros fóruns na internet.
Sou coautor de um livro chamado “Cavaleiros dos céus – A Saga do voo de Ferrarin e Del Prete”, lançado em 2009, sendo este o primeiro voo sem escalas entre a Europa e América do Sul e gosto bastante dos temas históricos relacionados a aviação, apesar de não ser uma pessoa que trabalha em alguma empresa ligada ao setor aeronáutico e nem me considerar um “escritor de aviação”.
O meu interesse surge principalmente pela ligação de trabalhar com pesquisa histórica, ser natalense e saber através da análise do material histórico existente, a importância de Natal no contexto da aviação mundial entre as décadas de 1920 e 1940.
Mais uma vez agradeço a atenção de todos.
Rostand
Confesso que fiquei surpreso com o que encontrei.
Obrigado amigos pela receptividade tão positiva e tranquila. É uma coisa difícil de se encontrar em outros fóruns na internet.
Sou coautor de um livro chamado “Cavaleiros dos céus – A Saga do voo de Ferrarin e Del Prete”, lançado em 2009, sendo este o primeiro voo sem escalas entre a Europa e América do Sul e gosto bastante dos temas históricos relacionados a aviação, apesar de não ser uma pessoa que trabalha em alguma empresa ligada ao setor aeronáutico e nem me considerar um “escritor de aviação”.
O meu interesse surge principalmente pela ligação de trabalhar com pesquisa histórica, ser natalense e saber através da análise do material histórico existente, a importância de Natal no contexto da aviação mundial entre as décadas de 1920 e 1940.
Mais uma vez agradeço a atenção de todos.
Rostand
Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Rostand, vi este tópico no seu blog (excelente leitura) que fala sobre o livro, mas não consegui encontrar onde comprar nem qual é o preço.
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Artur Santos
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Texto muito interessante, gostei de lê-lo muito curiosa a história...
Abraços!
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Amigo Alvega,
Infelizmente o livro está esgotado, sua tiragem foi pequena, mas quero trazer para cá muita coisa que descobri sobre este caso.
Rostand
Infelizmente o livro está esgotado, sua tiragem foi pequena, mas quero trazer para cá muita coisa que descobri sobre este caso.
Rostand
Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Rostand Medeiros escreveu:Amigo Alvega,
Infelizmente o livro está esgotado, sua tiragem foi pequena, mas quero trazer para cá muita coisa que descobri sobre este caso.
Rostand
Ok, obrigado pela resposta.
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Artur Santos
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Só uma curiosidade: suspeita-se que a origem do forró (tradicional ritmo musical brasileiro) esteja nessas festanças que os militares norte americanos faziam pra descontrair e chamavam de "for all". Diz-se que os brasileiros não entendiam bem a pronúncia a acabavam repetindo como "forró"! Ou seja, pode ser que um dos ritmos musicais mais brasileiros não seja exatamente uma invenção brasileira.
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Winicius- Tenente-Coronel
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Re: 1944 – A tragédia da B-24 em Fortaleza - CE
Amigo,
Essa não é minha área.
De forró eu só sei dançar e, graças a Deus, bem.
Por que se não ficava difícil conseguir conquistar alguma mulher por aqui.
Já esta questão do nome é controversa e não acredito que tenha haver com a questão dos americanos aqui, do que mostra o filme "For All". Lhe digo isso porque moro em Natal, já conversei com várias pessoas que conviveram naquela base com os americanos e cheguei a conclusão que o nome forró pode ter tomado mais vulto com esta questão do "For All", ou está muito marcada por isso, mas acredito que surgiu antes.
Sobre isso eu peguei o seguinte :
(A origem da palavra forró é controversa. Há a versão mais popular de sua origem, a de que o nome viria dos dizeres "For All" (em inglês “para todos”). Com a inauguração da primeira estrada de ferro no interior de Pernambuco pela companhia inglesa Great Western, foi feito um baile (ao som da sanfona e zabumba) para comemoração do acontecimento, promovido pela própria empresa, que convidava todos através dos dizeres afixados na entrada: "for all" (para todos). A partir daí então, passariam a chamar os seus bailes populares de Forró. Esta versão foi reforçada quando o cantor e compositor Geraldo Azevedo fez a canção "For all para todos" em 1983 e quando foi lançado o filme “For All- O trampolim da vitória” em 1998.
A segunda versão é dada pelo historiador e pesquisador da cultura popular Luís da Câmara Cascudo, que diz que a origem é o termo africano "forrobodó", que significaria festa, bagunça. Assim então eram chamados os bailes comuns frequentados pelo povo e, com o tempo, por ser mais fácil pronunciar, acabou se tornando, simplesmente, “forró”. A razão de os historiadores, em sua maioria, confirmarem esta versão é o fato de que desde o século 17 já se falava em forrobodó, bem antes dos ingleses construírem suas malhas ferroviárias. Porém, como o poder de persuasão do rádio e da televisão são bem maiores que o dos livros, as pessoas tendem a acreditar na primeira versão.
O que mais constatou-se durante a pesquisa sobre a etimologia da palavra Forró, é que as pessoas conhecem Forró, como a palavra vinda mesmo de ‘for all’. Isso mais uma vez reforça a influência que os meios de comunicação de massa tem sobre as pessoas de um modo geral.)
http://www.mvirtual.com.br
Agora amigo Winicius, gostaria de comentar que a verdade é que as relações entre os norte americanos e os potiguares e pessoas de outros estados brasileiros que estavam em Natal e Parnamirim Field na época, foram mais complexas, dinâmicas, intensas e acentuadas do que você pode imaginar.
Infelizmente são poucos os trabalhos sérios sobre esta situação e ele é muito rico.
Aí sobra espaço para muita besteira.
Tenho uma foto que mostra uma destas festas e é muito interessante.
Gostaria de saber como poderia publicar uma foto aqui, se alguns dos amigos tem um "passo a passo" para colocar fotos.
Desculpem a minha ignorância nesta questão.
Inclusive gostaria de colocar a disposição de vocês o link de uma interessante matéria feita aqui em Natal, que passou na BAND a nível nacional, sobre o fim da II Guerra.
https://www.youtube.com/watch?v=tg69Vl8O5hc
Um abraço a todos
Essa não é minha área.
De forró eu só sei dançar e, graças a Deus, bem.
Por que se não ficava difícil conseguir conquistar alguma mulher por aqui.
Já esta questão do nome é controversa e não acredito que tenha haver com a questão dos americanos aqui, do que mostra o filme "For All". Lhe digo isso porque moro em Natal, já conversei com várias pessoas que conviveram naquela base com os americanos e cheguei a conclusão que o nome forró pode ter tomado mais vulto com esta questão do "For All", ou está muito marcada por isso, mas acredito que surgiu antes.
Sobre isso eu peguei o seguinte :
(A origem da palavra forró é controversa. Há a versão mais popular de sua origem, a de que o nome viria dos dizeres "For All" (em inglês “para todos”). Com a inauguração da primeira estrada de ferro no interior de Pernambuco pela companhia inglesa Great Western, foi feito um baile (ao som da sanfona e zabumba) para comemoração do acontecimento, promovido pela própria empresa, que convidava todos através dos dizeres afixados na entrada: "for all" (para todos). A partir daí então, passariam a chamar os seus bailes populares de Forró. Esta versão foi reforçada quando o cantor e compositor Geraldo Azevedo fez a canção "For all para todos" em 1983 e quando foi lançado o filme “For All- O trampolim da vitória” em 1998.
A segunda versão é dada pelo historiador e pesquisador da cultura popular Luís da Câmara Cascudo, que diz que a origem é o termo africano "forrobodó", que significaria festa, bagunça. Assim então eram chamados os bailes comuns frequentados pelo povo e, com o tempo, por ser mais fácil pronunciar, acabou se tornando, simplesmente, “forró”. A razão de os historiadores, em sua maioria, confirmarem esta versão é o fato de que desde o século 17 já se falava em forrobodó, bem antes dos ingleses construírem suas malhas ferroviárias. Porém, como o poder de persuasão do rádio e da televisão são bem maiores que o dos livros, as pessoas tendem a acreditar na primeira versão.
O que mais constatou-se durante a pesquisa sobre a etimologia da palavra Forró, é que as pessoas conhecem Forró, como a palavra vinda mesmo de ‘for all’. Isso mais uma vez reforça a influência que os meios de comunicação de massa tem sobre as pessoas de um modo geral.)
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Agora amigo Winicius, gostaria de comentar que a verdade é que as relações entre os norte americanos e os potiguares e pessoas de outros estados brasileiros que estavam em Natal e Parnamirim Field na época, foram mais complexas, dinâmicas, intensas e acentuadas do que você pode imaginar.
Infelizmente são poucos os trabalhos sérios sobre esta situação e ele é muito rico.
Aí sobra espaço para muita besteira.
Tenho uma foto que mostra uma destas festas e é muito interessante.
Gostaria de saber como poderia publicar uma foto aqui, se alguns dos amigos tem um "passo a passo" para colocar fotos.
Desculpem a minha ignorância nesta questão.
Inclusive gostaria de colocar a disposição de vocês o link de uma interessante matéria feita aqui em Natal, que passou na BAND a nível nacional, sobre o fim da II Guerra.
https://www.youtube.com/watch?v=tg69Vl8O5hc
Um abraço a todos
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